Confesso que nesta semana eu julguei um livro pela capa.
Com o game instalado comecei a jogar e fiquei bem cabreiro com o que estava vendo: Um joguinho bonitinho e cheio de pom pom com os comandos sendo respondidos como se eu estivesse jogando um clássico do Nintendinho. Digo mais: Me senti em 2004 quando me arrisquei jogando MapleStory e confesso que a recordação não é das melhores. Mas conforme segui jogando acabei me enturmando com o protagonista e seu companheiro papagaio tagarela; fui explorando cada canto do mapa e quando dei por mim se passaram 4 horas de jogatina. Pois, sim: Treasure Adventure World é muito bom!!!
Criança (Capitão) Gancho
A história começa no melhor estilo “Sessão da tarde”: Você é acordado pela sua vovó e ela te lembra que é o dia de comemorar 5 anos em que eles te adotaram (depois de te encontrarem sem memória e sozinho no mundo). Levando em conta que ainda assim é um aniversário, seu vovozinho camarada te dá um presente bem bacana: Meias!!! Brincadeira, na verdade ele te dá um mapa. Perfeito, o dia passa rápido (por sinal, não teve bolo para comemorar) e vovó te manda dormir. Nisso um papagaio stalker (ele reparou que você tem um mapa) aparece na sua janela e te convida a viajar pelo mundo em busca de 12 tesouros fantásticos!!!! Pronto, foi dada a largada!!!
Qual é a desse jogo?
A aventura ocorrerá em suas ininterruptas viagens pelas 16 ilhas presentes no jogo, mas não pense que cada uma delas representa uma “fase” (como é comum no gênero plataforma). O conceito aqui é o de um mundo aberto, deixando você escolher seu caminho e se divertir a sua maneira. Os objetivos não serão dados logo de cara e você precisará explorar a área e identificar o que precisa ser feito para continuar sua jornada. Dito isso, fique claro que você irá se sentir meio perdido no começo, mas quando cair a ficha de que será preciso viajar MUITO para que certas quests sejam finalizadas, você irá ficar mais tranquilo e pronto para aproveitar a aventura ao máximo.
Os gráficos são bonitos, até porque toda a arte do jogo é feita à mão. A música é animadinha e conduz bem o ritmo do jogo, independente de estar em uma cidade ou no meio de uma caverna. A jogabilidade é da forma que comentei no começo do Review: É bem retrô, mas nada que alguns minutinhos de readaptação não resolvam. A narrativa dá um show a parte. Detalhes de seu passado serão revelados conforme você vai evoluindo e te colocando a par da história do protagonista, mas o que eu destaco são as interações com os personagens secundários. Com um humor afiado, sem ser grosseiro, o jogo vai te fazer rir com algumas pérolas bem bacanas, como quando os piratas (após te atacarem vigorosamente) pedem pra você esperar um pouco porque eles precisam voltar pra casa pegar mais balas de canhões.
Sobre o sistema de upgrades: É aqui que o jogo te pega. Logo no começo da aventura fica claro que seu personagem precisará desenvolver habilidades a fim de superar alguns obstáculos e alcançar novos pontos no mapa. E o jogo flui tão bem nessa busca por evolução que não te deixa sossegado enquanto você não conseguir terminar o objetivo “da vez”. O único problema é que por diversas vezes o jogo vai te dar um tapa e sussurrar no seu ouvido “Você não está preparado”, fazendo com que você pegue seu barquinho e busque o que for preciso para devolver o tapa (e nisso vão mais algumas horas do seu dia).
Bom, aqui vai um resumão de tudo o que você encontrará no decorrer do jogo:
.Dungeons – Tudo o que uma Dungeon precisa para ser boa está aqui: Escuridão e quebra-cabeças divertidos. Os quebra-cabeças inclusive são tão bem elaborados, que em diversas situações você vai estar com a resposta bem na fuça e não vai se dar conta disso.
.Ambiente vivo – Uma das coisas mais legais ao jogar um game de mundo aberto é a transição de tempo e alternância climática. Então, amiguinhos: tem anoitecer e tem amanhecer. Tem sol e tem chuva (e tempestades também). O bacana é que por mais que esse jogo passe a ideia de ser algo extremamente simples, todas essas alterações tem algum efeito em sua jornada, existindo quests que só podem ser resolvidas em um determinado período, ou personagens que estão dormindo e farão você esperar amanhecer para conseguir falar com eles.
.Quests secundárias – Sem muitas delongas: São divertidas de se fazer e os diálogos sempre rendem bons momentos. Procure não deixar nada pra trás.
. Segredos – Como bom jogo de exploração que é, todo o mapa esta recheado de segredos, sejam eles passagens secretas ou lugares marcados pra você ir com sua pá e desenterrar algo valioso (nem que seja uma cenoura).
Aventura de longa data
Treasure Adventure World é na verdade um remake/remaster/rewhatever de Treasure Adventure Game, joguinho da mesma produtora que foi lançado em 2011 e que sempre teve seu download oferecido gratuitamente. Na época apenas duas pessoas trabalharam no jogo, mas depois de tantos prêmios recebidos e com mais verba para investir, fomos presenteados com esse novo jogo que, aparentemente, chamará novamente a atenção dos críticos na época de premiações.
Falando na produtora, é nítido todo o carinho e cuidado que a Robit Games teve para que você, old gamer, se sinta em casa jogando Treasure Adventure World.
Vale a compra, Lincoln?
Vale sim. Muito!!! São aproximadamente 20 horas de jogo, vários finais disponíveis e lutas com chefões bem elaboradas. Encare esse jogo sem preconceitos e aproveite que está saindo por apenas R$ 19,99 na Steam. Por tudo o que ele oferece sem conseguir ser enjoativo, é um investimento que dificilmente fará você se arrepender. A única coisa que tira um pouco o brilho disso tudo (pelo menos pra nós, brasileiros) é que o jogo não esta disponível em nosso idioma. O que é uma pena, já que mais jogadores poderiam se divertir não apenas com o jogo, mas com a história que é bem legal.
NARRATIVA: 9
AUDIOVISUAL: 9
MECÂNICAS: 9
Avaliação feita na versão para Steam gentilmente cedida pela Chucklefish