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Nos últimos tempos tivemos uma grande onda de jogos com a premissa de sobreviver num ambiente inóspito, explorando mundos abertos, definindo seus próprios objetivos e prioridades, caçando, coletando e craftando novos itens e equipamentos. Radiation Island chega ao Switch portado de um jogo que teve razoável sucesso em smartphones… Mas que talvez devesse ter permanecido exclusivo para o mercado mobile.

Radiation Island 5

Narrativa: 6

Radiation Island apresenta apenas uma estrutura básica que podemos chamar de história, de forma que o foco do jogo claramente está na sobrevivência e exploração e não nas suas motivações ou na história deste mundo.

Tudo que sabemos a princípio é que você trabalhava num projeto secreto e acaba sendo transportado para uma ilha isolada. Logo você percebe que aquele lugar inóspito na verdade fica separado da sua realidade, e que há eventos estranhos se desenvolvendo ali. As cabanas e edificações militares encontradas pela ilha sugerem que estranhos experimentos foram (e talvez ainda estejam) sendo conduzidos ali. Há uma constante ameaça de intoxicação por radioatividade e você logo se depara com zumbis e criaturas mutantes, muito provavelmente resultados de pesquisas e testes que deram errado.

Radiation Island 4

Mecânica: 9

O foco de Radiation Island está em suas mecânicas de sobrevivência, e isso fica bastante claro em poucos minutos de jogo. Após uma cutscene curta e poucas explicações, você é recebido com um tutorial enxuto e direto e então largado a própria sorte… Com nada mais do que a roupa do corpo e as ferramentas rudimentares que acabou de aprender a construir. Você constantemente se sente vulnerável e absolutamente despreparado para os perigos que espreitam em cada esquina e cada sombra deste lugar maldito.

A sua disposição estão apenas os recursos da própria natureza (animais, vegetais e minerais), e cabe a você obtê-los e construir as ferramentas necessárias para desenvolver um arsenal para te manter minimamente seguro. O sistema de construção é bastante simples e direto, apresentando a lista completa de tudo que pode ser criado e indicando os ingredientes necessários para cada um. Assim, o foco do jogo se distancia da experimentação e da pesquisa de materiais e ferramentas e se volta mais a exploração e sobrevivência, com especial atenção à coleta de recursos e gerenciamento do seu (limitadíssimo) inventário.

O jogo apresenta 3 níveis de dificuldade: Um que elimina quase todos os perigos do mundo e permite explorar e descobrir a história do projeto Philadelphia, outro que equilibra a dificuldade e a narrativa e por fim um que só deve ser escolhido por aqueles que desejam provar toda a opressão e a dura realidade de sobreviver abandonado numa ilha cheia de perigos e terrores.

Apesar de oferecer uma boa seleção de armas de curto e longo alcance, Radiation Island não oferece uma boa experiência de combate. A sua movimentação e as animações de ataque são travadas e dificultam bastante até mesmo encontros que supostamente deveriam ser simples. Mas mesmo este “defeito” contribui para a construção de um ambiente hostil, onde tudo e todos apresentam um perigo real, independente do quão bem preparado você pense estar.

O jogo apresenta um ícone no canto superior esquerdo para indicar a proximidade de formas de vida, e usa diferentes imagens para expressar o grau de perigo. Além disso, é preciso se preocupar com sua saúde, sua fome, exposição a radiação e a baixas temperaturas, exigindo que você procure abrigo ou prepare roupas específicas para lidar com cada situação. Em geral, o jogo consegue transmitir bem o quão brutal é a experiência de ser um náufrago preso em uma ilha, onde o próprio ambiente e a natureza são obstáculos para sua sobrevivência… Somando-se ainda a adição de radiação e mutantes te caçando.

O jogo tem também um diário, que compila as anotações que você encontra pelo mundo e outras informações sobre o seu progresso. É uma boa forma de construir alguma história e explicar um pouco do que houve e do que está acontecendo, além de ajudar a definir e organizar seus objetivos no jogo. Além disso, a apresentação deste diário também combina com o estilo do jogo e contribui para criar o clima de sobrevivência em um lugar de extremo perigo.

Radiation Island 3

Radiation Island 2

Audiovisual: 6

O jogo constantemente toca uma música baixa e silenciosa, e faz um excelente trabalho em criar uma constante tensão. Além disso, em certos lugares e momentos há sons estranhos, quase alienígenas, que incomodam e te deixam em estado de alerta. Todos os efeitos sonoros trabalham harmoniosamente para te deixar atento e estressado.

Infelizmente o trabalho visual não tem o mesmo primor. Todos os modelos e cenários parecem ser feitos com uma baixíssima contagem de polígonos e usam de texturas igualmente pobres. E, ainda assim, objetos e construções mais distantes só são renderizados conforme você se aproxima, de forma que certas coisas vão “surgir” num espaço que parecia estar desocupado. O Switch já demonstrou ter poder para lidar com bons gráficos mesmo quando há muita informação na tela, então a impressão que fica é que a engine usada em Radiation Island foi muito mal ajustada para uso no Switch. A experiência visual acaba lembrando a de jogos de duas gerações atrás.

Radiation Island 1

Considerações Finais

Radiation Island tem uma proposta interessante e consegue desenvolver um excelente trabalho com a criação de um ambiente inóspito e opressor. As ameaças ambientais, o sistema de construção e a manutenção de sua saúde são mecânicas bem estabelecidas que te enchem de vontade de mergulhar de cabeça nesse mundo e testar suas habilidades de sobrevivência.

Infelizmente a jogabilidade pouco polida e os gráficos ultrapassados estragam muito a experiência, e devem fazer boa parte dos jogadores se afastarem do jogo em busca de uma aventura semelhante, mas melhor.

Nota

Narrativa = 6

Mecânica = 9

Audiovisual = 6

Vale os 10 dólares? Não. O jogo pode ser bom para smartphones, mas falha em oferecer uma experiência com nível de qualidade de um videogame e não consegue tirar proveito do poder do Switch. Se deseja uma experiência deste tipo, pegue o jogo no celular ou aguarde um bom desconto em alguma promoção do eShop.

Geral: 7

Jogado na versão para Nintendo Switch.