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Jogar SEUM: Speedrunners form Hell foi uma experiência inusitada pra mim. Admito que nunca fui do tipo de jogador que faz speedruns, ainda mais em jogos de plataforma, já que a minha coordenação motora não é lá muito apurada. Dito isso, a minha impressão inicial do jogo de plataforma em primeira pessoa da Pine Studio não foi das melhores: achei difícil, frustrante e injusto. Mas depois de vários momentos em que quis arremessar o controle na parede, percebi que era exatamente essa frustração que me levava a querer jogar “só mais uma vez” até finalmente melhorar e conseguir vencer uma fase que parecia impossível. A partir daí a experiência melhorou 100 %.

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À primeira vista SEUM parece um mod de Mirror’s Edge, feito na engine de Quake e com os cenários de Doom: é um jogo de plataforma 3D em primeira pessoa como o primeiro, com a movimentação acelerada do segundo e a temática infernal do terceiro. Aqui o foco, como o nome sugere, é todo na velocidade com que se supera os obstáculos para chegar ao final das mais de 100 fases. Cada nível tem que ser completado em poucos segundos (a duração varia de acordo com o número de obstáculos) e o jogo, com exceção algumas raras pistas visuais, não te dá muitos indicativos do que fazer para completa-la, restando apelar para tentativa e erro, mas graças ao respawn quase instantâneo isso não se torna algo chato. Essa falta de clareza poderia ser encarada com um defeito, mas aqui joga a favor do game, por incentivar o jogador a pensar em soluções mais “fora da caixa” pra alguns desafios, explorando as diversas mecânicas que o jogo apresenta.

O personagem se move rápido e responde bem aos controles, mas leva um tempo pra se acostumar com a física do jogo, pois peso e velocidade influenciam de forma significativa a movimentação. Pra ajudar a superar as fases há uma grande variedade de poderes a disposição do jogador. Disponível desde o início, a habilidade de disparar bolas de fogo pode ser usada pra quebrar partes do cenário ou acender piras que funcionam como interruptores. Outros poderes como teleporte, manipulação da gravidade e duplicação são apresentados gradativamente ao logo do jogo, mas ficam disponíveis somente nas fases em que precisam ser utilizados. As coisas começam a ficar realmente complicadas nos estágios mais avançados, quando se tem que usar poderes em conjunto para alcançar as plataformas, pois o jogo também não fala (mas espera que você descubra) que a física também afeta o funcionamento dos poderes, criando combinações inesperadas e malucas.

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A história de SEUM é tão simples quanto fanfarrona. Um headbanger chamado Marty está em casa curtindo uma folga tomando umas, quando o Satã em pessoa aparece para roubar a bebida. O caramunhão consegue fugir com a cerveja, mas ambos perdem um braço na luta, então Marty costura o braço demoníaco no lugar do que foi perdido, ganhando assim poderes, e segue rumo ao inferno para pegar de volta sua cerveja e sua alma (mas principalmente a cerveja).

Visualmente SEUM é um jogo oldschool. Os gráficos lembram bastante Quake 3, com uma geometria básica, texturas e iluminação simples, mas que servem bem ao propósito, já que as fases foram feitas para serem atravessadas em segundos e não admiradas em detalhes. E embora a temática infernal seja bastante charmosa, com muito fogo, sangue e espinhos por todo lado, acaba ficando um pouco repetitiva ao longo das mais de 100 fases.  A trilha sonora heavy metal por sua vez é ótima e funciona muito bem para embalar as corridas malucas por labirintos infernais, embora algumas transições entre as músicas sejam meio abruptas. Os diálogos seguem o clima de fanfarronice da história e são bem engraçados, principalmente os comentários do diabo sobre a sua performance (ruim).

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Por mais que possa parecer um jogo simples à primeira vista, SEUM tem bastante conteúdo. Além das fases normais, há um conjunto de níveis extras ainda mais difíceis, um modo speedrun (óbvio) e um modo de corrida infinita nos moldes de Temple Run. Além disso as fases são lotadas de segredos e colecionáveis pra se coletar, como as latas de cerveja que liberam fases bônus.

 

SEUM: Speedrunners form Hell não é um jogo para todos. Inclusive no começo não era pra mim, mas com um pouco de persistência decidi embarcar nessa jornada infernal em busca da cerveja perdida e não me arrependi nem um pouco. Para os speedrunners de plantão ou simplesmente quem tem bons reflexos e gosta de um desafio é garantia de horas e mais horas de raiva (no bom sentido) e diversão. Garantam o seu ticket para o inferno e boa sorte!

 

História: 7,0

Mecânica: 8,5

Audiovisual: 8,0

 

Vale os 15 dólares? Dependendo da sua habilidade, paciência e gosto por jogos de plataforma difíceis, sim.

(Avaliado na versão de Playstation 4)