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Quase toda pessoa que foi criança nos anos 80/90 no Brasil se lembra com nostalgia dos livros da Série Vaga Lume: eram títulos eram voltados para o público jovem, com histórias de mistério e aventura. The Raven Remastered, com a sua ambientação charmosa, sua história cheia de mistério e uma aventura leve e descontraída, poderia muito bem figurar na coleção de histórias juvenis caso fosse um livro.

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O adventure point and click da King Art Games foi lançado da originalmente em 2013 com o título de The Raven: Legacy of a Master Thief e dividido em 3 episódios. The Raven Remastered traz os 3 episódios juntos, mas uma série de melhorias gráficas e alguns poucos extras.
Claramente inspirado nos romances de Agatha Christie (com direito inclusive a uma “versão” da autora dentro do jogo) o enredo de The Raven Remastered é um clássico “whodunnit” onde o jogador deve juntar as peças para descobrir o culpado. A aventura começa em 1964, quando uma das joias mais valiosas do mundo é roubada do museu britânico pelo ladrão conhecido como “The Raven” que todos acreditavam estar morto há anos. A partir daí entra em cena o protagonista Constable Anton Zellner, um simpático e obstinado policial suíço determinado a provar o seu valor e capturar o lendário bandido. A história se desenrola em vários locais exóticos, desde o famoso Orient Express até um cruzeiro no Mar Mediterrâneo, e com personagem mais exóticos ainda, que mesmo caindo em certos clichês do gênero conseguem ser interessantes o suficiente para se destacar com o desenrolar da trama.
Como toda história de detetive que se preze, o foco está na investigação e a jogabilidade de point and click se encaixa perfeitamente. O foco é coletar itens, interagir com objetos, resolver puzzles e principalmente falar com os personagens para avançar na história e conseguir pistas para solucionar o mistério maior. Muitos dos objetos devem inspecionados várias vezes pra se conseguir extrair todas as informações necessárias e o mesmo vale para os diálogos, o que deixa o jogo com um ritmo mais cadenciado até para os padrões de um adventure. Todas as informações sobre os personagens e objetivos ficam anotadas no caderno de notas do protagonista e podem conferidas a qualquer momento, e também somam uma pontuação que determina o nível de sucesso ao final de cada capítulo. Esses pontos também podem ser usados para revelar objetos de interesse que tenham passado despercebidos ou comprar dicas sobre o que fazer caso o jogador fique encalhado em algum objetivo. O único problema é que as dicas em sua maioria são coisas bem óbvias, ajudando bem pouco o jogador que tá empacado em alguma parte e ainda diminuindo a sua pontuação no final. Mais vale recorrer ao youtube, caso a sua honra permita.

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The Raven Remastered é um jogo bem charmoso visualmente. O visual exótico e retrô sessentista dos cenários, com uma atenção excepcional aos detalhes (a parte do navio de cruzeiro é um bom exemplo disso e de longe a parte mais bonita do jogo) é algo bem agradável de se ver e ajuda a compor a trama. Já quando se trata do visual dos personagens, percebe-se que a mesma atenção não foi dada nesse remaster. Não que eles sejam feios ou mal feitos (com exceção de um). O art style cartunesco é bem simpático até, mas alguns personagens parecem meio rudimentares e a animação é travada em praticamente tudo: movimentação, interação com o ambiente e expressão facial. A sincronia labial é bem deficiente também e o screen tearing é um problema recorrente, em especial nas cutscenes. Nada que chega a comprometer gravemente, mas também não passa despercebido.

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O áudio por sua vez é maravilhoso. O trabalho de dublagem dos atores é muito bem feito, em especial o do protagonista. Algumas outras atuações podem ser consideradas um pouco exageradas, mas casam perfeitamente com os arquétipos desse tipo de história e entregam a carga dramática necessária para tornar os personagens interessantes. A trilha sonora orquestrada faz um excelente trabalho em capturar a nostalgia dos filmes da década de 60/70, com músicas que variam de temas descontraídos para os momentos mais leves e de aventura, a composições dignas dos suspenses do Brian de Palma nos momentos de tensão.
Admito que o final me decepcionou um pouco pelo desfecho da história, mas ainda assim The Raven Remastered foi uma jornada divertida e cheia de nostalgia. Problemas técnicos a parte, quem gosta de uma boa história, com personagens e cenários tão exóticos quanto interessantes e uma duração considerável, vai se sentir satisfeito. E quem é apenas um saudosista das boas e velhas histórias de detetive, como eu, também vai ficar feliz em tentar resolver esse mistério e apanhar o famoso criminoso.

História: 7,5

Mecânica: 7,0

Audiovisual: 6,5

Vale o preço?: Por mais que eu tenha gostado, não vale o preço de 120 reais no PS4. O jogo tem as suas qualidades, principalmente na história mas os aspectos técnicos da remasterização mostram que faltou um pouco mais de esforço da desenvolvedora em entregar um produto de qualidade.  No caso de uma eventual promoção no entanto, é um título pra se ficar de olho, principalmente pra quem curte point and click.

 

Avaliado na versão para Playstation 4.