Vivemos num mundo onde videogames muito comumente estão associados a adrenalina e aos tipos de emoção que não poderíamos experimentar em pessoa. Mas ao mesmo tempo muitas vezes nos esquecemos que há outros estilos de jogo, alguns que buscam entregar experiências diferentes. WorldNeverland – Elnea Kingdom se propõe a fazer algo diferente, te dando a oportunidade de viver uma vida num mundo alternativo.
WorNeva é um jogo de simulação com elementos de RPG e uma boa dose de Slice of Life. Você pode trabalhar, coletar materiais, batalhar para conquistar sua Cidadania no reino, explorar lugares perigosos, enfrentar monstros, desenvolver uma rede de amizades, criar uma família… Mas, no fim, o que importa é que tudo que acontece em Elnea é resultado das suas decisões. Esta é a sua história, e certamente será diferente da de qualquer outro jogador pelo mundo.
A premissa é interessante e o jogo demonstra que tem um mundo extenso e uma grande variedade de personagens para se interagir e atividades para se realizar… Mas o conteúdo vasto não compensa a (falta de) profundidade em suas mecânicas.
O jogo parece tentar destacar seus elementos de RPG, mas se aventurar pelas Dungeons é uma atividade de piloto automático onde seu personagem (e possíveis acompanhantes) andam em linha reta e enfrentam uma série de encontros com monstros progressivamente mais poderosos. As lutas são igualmente tediosas e inclusive contam com uma opção de auto-battle que faz exatamente tudo que você faria manualmente: Usar as 4 primeiras ações para atacar e a 5a para mudar para uma posição defensiva.
Em contra-partida, o lado de vivenciar o dia-a-dia de um reino medieval fantasioso oferece mais variedade e opções interessantes, mas ainda assim com graves problemas em seu polimento e na profundidade das atividades exercidas.
WorldNeverland – Elnea Kingdom é a adaptação de um jogo de smartphones… E isso fica dolorosamente claro a todo instante. Os visuais chegam a impressionar… negativamente. Com modelos e texturas que parecem ser de umas duas gerações atrás, o jogo falha em desenvolver qualquer apelo gráfico. De forma geral, os cenários ainda conseguem produzir cenas bonitas, apesar de sempre deixar visível que este é um jogo bastante aquém do esperado para o Switch.
As músicas até são carismáticas, mas a trilha sonora parece ser limitada a um número pequeno de faixas e isso acaba deixando o áudio bastante repetitivo. Os efeitos sonoros não passam uma boa impressão, e em geral parecem genéricos – como se tivessem sido obtidos de um acervo público.
É difícil explicar exatamente o porquê, mas apesar de todos os seus problemas WorNeva consegue entreter. Os diálogos, mesmo sendo repetitivos, dão vida e carisma aos habitantes do reino de Elnea. A imensa variedade de atividades, personagens e missões conseguem criar aquela sensação de você realmente estar escrevendo sua própria estória, vivenciando um estilo de vida completamente diferente dos outros jogadores devem experimentar.
Novamente vale ressaltar que mesmo suas melhores qualidades são enfraquecidas pela repetitividade. O jogo impõe algumas barreiras para sua progressão (geralmente na forma de custos altos em dinheiro) para prolongar sua vida útil, mas nem todos os jogadores se interessarão em definir e seguir uma rotina diária a ser repetida por dias e mais dias apenas para conseguir comprar um item ou progredir um pouco no seu processo de cidadania/carreira.
WorldNeverland – Elnea Kingdom é um jogo cheio de boas intenções e um número ainda maior de problemas de execução. A proposta de viver uma vida alternativa e ter total liberdade para escrever sua própria estória é bastante atraente, mas sua progressão lenta, repetitividade e apresentação geral muito abaixo dos padrões aceitáveis acabam dificultando a apreciação do título. Para quem pode esperar, vale aguardar a chegada de novos Animal Crossing, Harvest Moon ou, mais especificamente, Rune Factory ao Switch.
Mecânica = 6
Audiovisual = 3
Diversão = 6
Vale os 30 dólares? Não. O valor não condiz com o grau de polimento do jogo. Se possível, continue esperando por um título mais bem estabelecido como Rune Factory, ou até mesmo Harvest Moon ou Animal Crossing para o Switch.
Jogado na versão para Nintendo Switch