Não sabia o que esperar quando peguei The Way para jogar e avaliar… Mas agora, concluída a aventura, posso dizer que trata-se de um raro produto, apresentando um equilíbrio perfeito entre ambientação, narrativa e jogabilidade.
The Way conta a história de um explorador espacial que perde sua amada e persegue pistas do segredo da vida eterna, escondida por uma civilização alienígena. É a jornada de uma vida, e sua apresentação é bastante envolvente – quase pessoal.
A cena inicial é bastante chocante, mas atrai a curiosidade e prende a sua atenção. Conforme você começa a entender o que se passa, novos mistérios são introduzidos. O jogo nunca te deixa perder o foco, e sempre tem algum mistério que te mantem faminto para continuar.
É difícil dizer muito sobre a narrativa sem estragar as surpresas, mas posso adiantar que esta é bem estruturada, fluida, interessante e completamente diferente de tudo que você já viu num jogo.
The Way se apóia em dois pilares para entregar sua experiência de jogo: Puzzles e Plataforma 2D.
Muitos dos quebra-cabeças do jogo sequer são apresentados como puzzles, e sim como objetivos que precisam ser atingidos para progredir a história. Conforme se avança no jogo os objetivos se tornam mais complexos e cerebrais, e você pode nem se dar conta de que durante todo esse tempo esteve encarando e resolvendo problemas lógicos – tamanha a qualidade do trabalho no desenvolvimento de sua curva de dificuldade. Mais para o final do jogo alguns puzzles podem ser considerados um pouco mais complicados do que o aceitável, mas podem ser resolvidos com um pouco de paciência e algumas rodadas de tentativa-e-erro… Não é o ideal, mas não chega a impedir que os jogadores prossigam na sua busca pela conclusão da história.
Do lado de Plataforma temos um jogo que exige mais precisão do que seus controles conseguem oferecer. Há passagens que podem frustrar jogadores impacientes, e não há como contornar o problema – será preciso respirar fundo, se concentrar muito e talvez contar com um pouquinho de sorte. A experiência geral é boa, especialmente pela satisfação de se obter sucesso, mas ainda assim este é claramente o aspecto mais fraco do jogo.
The Way apresenta e descarta inúmeras diferentes mecânicas enquanto a aventura se desenrola. Tanto puzzles quanto sequências de plataforma são recontextualizados quando você adquire ou perde alguma habilidade importante, e isso ajuda tremendamente a deixar o jogo mais dinâmico e menos repetitivo. As armas e habilidades que você ganha (e perde) certamente são um dos pontos altos na experiência de jogo.
Assim como em tantos outros títulos indie, The Way conta com uma apresentação meio retrô, com visual pixel art e músicas chiptune.
Apesar de se ater a esse cliché, o jogo apresenta uma qualidade visual impressionante. Os cenários são coloridos e variados, tudo é bastante detalhado e a experiência geral se mantém convincente e envolvente. O estilo simplesmente parece fazer sentido, é perfeito para o que The Way se propõe a fazer.
A música não chega a marcar, mas o trabalho é competente e consegue intensificar as emoções e sensações de cada cena.
The Way é uma joia escondida a plena vista, perdida num mar de outros tantos jogos indie interessantes e a primeira vista mais interessantes… Mas não se deixe enganar. Não menospreze a qualidade de sua narrativa ou a engenhosidade de suas mecânicas. The Way Remastered merece ser experimentado por todos, e definitivamente é uma obra obrigatória para quem gosta de uma história diferente e envolvente.
Narrativa = 10
Mecânica = 8
Audiovisual = 8
Vale os 15 dólares? Para a maioria, vale o investimento. Mas evite o jogo caso não se interesse por ficção científica ou tenha problemas para lidar com dificuldade e frustração.
Jogado na versão para Nintendo Switch