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Curiosamente, um gênero que funciona e não ao mesmo tempo nos consoles são os RPGs Isométricos – hoje chamados de Action RPGs, mas a melhor referência que você pode ter é Diablo. Cada vez mais focados no aspecto “action”, é bem comum vermos tais jogos prosperarem nos PCs. Talvez, justamente, pela isometria e pela tradicionalidade do gênero. Mas, Shadows: Awakening mostra que é possível – sim – aRPGs florescerem nos controles, mas ainda é necessário algum trabalho até chegarmos lá.

O jogo é bastante bonito, visualmente falando. A direção de arte é lotada de curvas e pontas acentuadas e figuras extremamente exageradas. Parece que estamos jogando um quadrinho da Dark Horse Comics enquanto andamos pelas paisagens do jogo. Pense num Diablo II, mas com uma cara de BattleChasers ou de Darksiders. Não se espera muito detalhe de um jogo isométrico de RPG como este, mas Shadows: Awakening é incrivelmente detalhado em pontos que se espera (ou que eu espero): Equipamentos mudam de acordo com o que você equipa nos personagens. No campo sonoro, o jogo não deixa muito espaço para falhas e cumpre bem o papel. Trilha sonora na medida, com faixas que preparam e combinam com clima: cítaras no deserto, flautas para o campo e sons esquisitos que ecoam para o mundo espiritual e com falas dubladas – embora a dublagem seja meio… fraquinha.

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A bronca fica justamente para o funcionamento mecânico do jogo. Imediatamente, quando falamos em RPGs isométricos, pensamos no loot-fiesta que Diablo e Torchlight nos proporcionam, enquanto nos enveredamos em dungeons. Em Shadows: Awakening as coisas neste aspecto são bem reduzidas. Não entenda errado: loot, raridades escalonadas em cores diferentes e itens maneiros estão todos lá, como manda o roteiro. Mas não são o foco. Ele fica a cargo do sistema de troca de corpos. Sua party é composta do protagonista e mais três personagens: heróis e seres míticos deste coloridíssimo mundo que tem suas almas devoradas por um demônio (nosso protagonista) e você pode mudar livremente entre estes personagens, sendo limitado somente em relação ao Demônio, que não coexiste com os outros no plano material – uma pegada bem Soul Reaver – ele fica preso ao plano espiritual, podendo interagir de forma limitada com o mundo material. Mas a mecânica é divertida de se explorar: Use um buff e use a magia de Grilhões com seu demônio, troque para outro personagem que tenha, digamos, uma magia de proteger e troque para seu herói que realmente dá porrada. Tudo isso na hora, apertando um botão. Se Diablo III já mudara sua fórmula para algo mais dinâmico e ativo, pense se você pudesse trocar de personagem em tempo real? É exatamente assim que Shadows: Awakening é. O ritmo é frenético e apesar do targeting seja um tanto disfuncional e da baixa resposta dos controles, a porradaria rola solta.

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A mecânica de “dois mundos” ainda é aproveitada no aspecto narrativo. Certos personagens, quests e missões só podem ser acessadas pelo Demônio, que se desfaz em comentários irônicos e com requinte e crueldade típicos da raça. Além disso, não é incomum diálogos entre os heróis e o demônio: Seja durante o combate, seja durante a história. Não é das mais brilhantes, de certo, mas é uma história que intriga em certos pontos e possibilidades que a narrativa te oferece. Mas o mundo é de uma lore riquíssima! Fiquei tentado a explorar os livros de lore adicionais que surgem pelo jogo, colorindo e pontuando todo o aspecto narrativo de cada personagem, localidade e facção. Kalypso está com uma mina riquíssima de ouro nas mãos. Basta saberem como explorá-la!

Shadows: Awakening é uma um game bem divertido. Com certeza não vale o seu preço na PS Store (50 dólares ou 191 reais), mas numa promoção e com um bom desconto, vai valer a pena. As mecânicas são bem implementadas e os visuais são bem interessantes, apesar dos controles fracos.

 

Mecânicas – 8
Audiovisual – 8
Narrativa – 8

NOTA FINAL: 8