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Hotshot Racing

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De vez em quando, entre esses jogos de corrida que tentam ser super realistas, com carros modelados nos mínimos detalhes, aparece um jogo de corrida descompromissado, arcade, e super divertido. Há dois anos, foi a vez de uma pérola chamada Horizon Chase Turbo, um dos melhores jogos de corrida da última década, e feito aqui no Brasil. Dessa vez, com essa mesma proposta, surge Hotshot Racing. O resultado, embora não tão impressionante, é um jogo de corrida divertido, rápido e desafiador, mas que peca na falta de variedade de longevidade.

Os visuais de Hotshot Racing são os famosos “low-poly” – visuais 3D simples e super estilizados. Se você jogou o já citado Horizon Chase Turbo vai se sentir completamente em casa. A identidade visual das pistas, porém, é pouco variada, e rapidamente acaba enjoando um pouco, tirando um pouco da graça de descobrir uma nova pista.
Hotshot Racing constrói seu gameplay em cima de clássicos como Top Gear, Daytona USA e o já citado Horizon Chase Turbo. Em Hotshot Racing você escolhe um personagem entre alguns pré-feitos (um deles, o meu favorito, é um russo que não cansa de falar que a Rússia é o melhor país do mundo, tudo naquele sotaque forçado típico), e em seguida escolhe um dos carros disponíveis para aquele personagem. Cada carro de cada personagem tem estatísticas diferentes, entre aceleração, velocidade, etc. A corrida acontece em 16 pistas originais e mais 4 adicionadas recentemente por um DLC gratuito, totalizando 20 pistas divididas em 5 campeonatos. A campanha, principal modo de jogo, consiste em vencer os 5 campeonatos nas três dificuldades disponíveis. Além da campanha, o jogo tem modo multiplayer, mas faltam outros modos de jogo pra dar uma maior longevidade ao título.

O mais importante, obviamente, é a jogabilidade nas corridas, e esse é o ponto forte de Hotshot Racing. Como dito antes, o jogo está bem longe de ser um simulador. Hotshot Racing tem um sistema de drift, através do qual é possível passar por qualquer curva sem parar de acelerar, derrapando. Com cada drift você ainda acumula energia em uma barra de turbo que pode ser ativada para uma breve mas eficiente supervelocidade. Nada aqui é inovador, são todos conceitos já vistos inúmeras vezes, mas ainda assim é bem satisfatório e muito bem executado. Colisões entre os carros fazem com que eles comecem a derrapar, e é muito comum que um dos outros competidores controlados pelo jogo bata em você e você esteja fazendo drift mesmo sem querer. É fundamental saber controlar o carro nessas situações, porque mesmo nos níveis mais baixos de dificuldade os outros corredores são extremamente agressivos e vão fazer de tudo pra te tirar da frente.

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As pistas tem visuais parecidos e o design delas também é, na sua maioria, bem sem graça. Nenhuma pista do jogo causa aquele impacto e fica na memória. Sabe como todo mundo que jogou Crash Team Racing conhece de cabeça cada curva da Crash Cove ou qualquer jogador de Mario Kart lembra instantaneamente do visual incrível e original das várias versões da Rainbow Road? Falta isso em Hotshot Racing, porque todas as pistas são meio parecidas e acabam se misturando na cabeça. Não tenho uma pista favorita em Hotshot Racing simplesmente porque não me lembro de nenhuma em específico.

Um ponto que sempre causa polêmica nesse tipo de jogo é a necessidade e validade ou não do famoso “rubber-banding” – aquela mecânica presente em vários jogos de corrida desse estilo que faz com que seus oponentes fiquem bem mais rápidos quando estão atrás, e um pouco mais lentos quando estão na frente. Isso deixa as corridas mais imprevisíveis mas também menos justas. Isso não é um ponto positivo nem negativo em jogo nenhum, apenas algo que depende da opinião de cada jogador. Pessoalmente, acho que isso acontece de maneira muito acentuada em Hotshot Racing, e na maioria das vezes a melhor estratégia é a terceira ou quarta posição durante toda a corrida e guardar seu turbo para usar nos últimos segundos, ultrapassando todo mundo e ficando em primeiro. Isso evita a agressividade dos competidores contra você quando você está vencendo.

Fora dos campeonatos e do modo de corrida simples – offline ou online – Hotshot Racing não conta com outros modos de jogo. Não existe uma opção de corrida contra o relógio, ou opções de customização para desligar o turbo ou mexer em outras opções da experiência. A customização dos personagens e carros, porém, é completamente outra história. É aqui que mora a longevidade do jogo: cada personagem tem roupas diferentes a serem liberadas e inúmeros acessórios para cada um de seus carros. Se você é um daqueles jogadores que precisa completar tudo que o jogo pode oferecer, Hotshot Racing te deixará ocupado por bastante tempo, mas prepare-se para repetir os campeonatos diversas vezes. Pelo menos o último modo de dificuldade é bastante desafiador e requer maestria das mecânicas do jogo além da escolha do personagem mais adequado para cada situação.

Hotshot Racing é um misto de erros e acertos. A parte mais importante é muito bem feita: a jogabilidade. Os controles são responsivos e os carros são divertidos de controlar, mesmo que a gente não possa fazer isso por pistas muito memoráveis. O jogo peca na falta de modos diferentes – falta um time trial ou algum outro modo de jogo que não seja a corrida comum, pra acrescentar uma variedade e longevidade que o jogo atualmente não tem, mas pelo menos o que não falta são opções de customização dos personagens e dos carros. Hotshot Racing é, no fundo, um bom jogo de corrida, digno da sua atenção, mas que infelizmente não vai te prender por muito tempo.