Ghost of Tsushima chamou bastante atenção no seu anúncio, afinal tínhamos gráficos belíssimos, um mundo aberto com uma premissa extremamente interessante (Japão Feudal) e os honrados e rígidos samurais e seu código de honra como tema!
O prelúdio do fim…
Kublai Khan foi um líder mongol que dominou grande parte da Europa e quase todo oriente médio durante a era medieval. Khan era um legitimo “rolo compressor”, passando por cima de todas as nações ou indivíduos que ousassem ir contra seus planos de conquista. A cada nação conquistada Khan preservava e valorizava os indivíduos capazes de contribuir com algo que ele consideraria vantajoso, com isso Khan conseguiu uma evolução militar sem precedentes, fazendo os Mongois serem o exército mais temido de sua época. Após a conquista da Coreia, Khan se viu seduzido por conquistas além do mar; o alvo? O Japão, terra dos lendários samurais…
Se inspirando em um evento real, a Sucker Punch nos presenteou com um conto… o conto do Fantasma de Tsushima e sua busca incessante pela liberdade da ilha de Tsushima. A ilha de Tsushima era regida por um honrado Samurai chamado Shimura (o lorde da ilha), que foi capturado durante invasão Mongol liderada pelo Khotun Khan (primo de Kublai Khan) após seu pequeno exército de Samurais ser massacrado e derrotado em batalha. O exército Mongol, além de possuir armas tecnologicamente mais avançadas não possuía um senso moral que buscava uma luta justa e sim um estilo de batalhar que primeiramente buscava se adaptar a cada situação, sendo ela justa ou não. Basicamente eles estariam disposto a TUDO para vencer.
Em meio aos destroços do combate, Jin Sakai (que posteriormente virá a ser conhecido como o “fantasma de Tsushima”) consegue sobreviver com ajuda de uma ladra chamada Yuna. Após acordar Jin da inicio a sua jornada…conseguirá Jin manter sua honra de Samurai e ainda assim vencer os inimigos que não conhecem o significado de honra ou ele terá que recorrer a meios mais obscuros e reprováveis segundo o código de honra samurai?
Gráficos
Imersão, essa é a palavra que melhor define os gráficos do jogo. O Japão feudal é retratado de maneira belíssima… Campos gramados, florestas de bambu, vilarejos, templos; o jogador realmente se sente inserido em um épico samurai! Joguei a versão aprimorada do PS5 e embora as mudanças gráficas não tenham sido tão grandes como se esperava, elas estão lá e são perceptíveis. Nada como correr por uma floresta de bambu em meio a uma chuva forte com os sons de raios cortando o ar ou deixar Jin relaxar sobre fontes termais enquanto pensa sobre assuntos diversos.
Como a historia é contada
O jogo separa sua história em quests primárias, secundárias e contos. As quests primárias avançam na história, as secundárias servem como apoio e expansão da história das quests principais e os contos são basicamente quests (muito bem elaboradas por sinal) que falam sobre os mitos da ilha, sempre nos apresentando a figuras lendárias do folclore local, pessoas que conseguiram através dos seus feitos atingirem o patamar de “seres míticos”. Mas não se enganem: os contos nos mostram as pessoas por trás das lendas e todo misticismo criado ao redor delas…nele temos somente uma pitada de acontecimentos sobrenaturais que são mostradas ao jogador de maneira bem sutil.
Os contos receberam uma atenção bem especial por parte da Sucker Punch: toda a apresentação e história por trás de cada um deles nos são apresentados com uma narrativa especial e atmosférica, onde pinturas ganham o contorno do personagem cuja a lenda é mostrada e além disso a recompensa pela conclusão de cada uma delas é ótima e bem útil ao jogador.
Além dos contos existem outros momentos épicos no jogo…os duelos samurai vs samurai. A música, composição do cenário e elementos visuais de cada um deles torna cada embate mais épico que o outro. Aqui também é onde o jogo nos obriga a usar todas as mecânicas adquiridas para vencermos já que os inimigos são samurais tão habilidosos quanto Jin.
Gameplay
Jin pode optar por seguir o caminho do fantasma que é furtivo ou o caminho do Samurai que é honrado e sempre encara seu inimigo de frente. O mais legal é que o jogo não te obriga a seguir somente um caminho, você pode mesclar ataques furtivos e não furtivos. A mecânica de combate permite que você utilize qualquer um dos dois na hora que bem entender sem menus de troca, nem nada. Sendo algo que no conceito me lembrou Assassin’s Creed, onde você pode ir se escondendo e matando os inimigos um a um ou simplesmente sair lutando com todos que aparecerem pela frente. No caso de Ghost of Tsushima Jin pode até mesmo chamar inimigos para um duelo.
Jin pode usar variadas posturas durante a luta, sendo cada uma delas eficiente contra algum tipo de inimigo (brutamontes, espadachins, guerreiros de lança e guerreiros com escudo). O combate do jogo (quando comparado a outros jogos da temática) é mais cadenciado e de certa forma estratégico (embora seja relativamente fácil na dificuldade normal) buscando inspiração em lutas de filmes como os do Akira Kurosawa, mas sem se esquecer de ser um jogo, afinal em duelo real em poucos movimentos a luta seria decidida. Pena que a I.A nem sempre ofereça um bom desafio e ainda possua alguns bugs. Em alguns momentos a I.A buga e simplesmente fica parada te vendo massacrar seus aliados, mas felizmente momentos assim são raros.
O mundo e como ele se comunica com o jogador
Ghost of Tsushima, assim como The Legend of Zelda Breath of the Wild utiliza de elementos do próprio mundo para se comunicar com o jogador. Ao invés de vermos linhas extravagantes e mapas com indicações óbvias, aqui temos o vento, pássaros, raposas e até mesmo a pulsação do controle. É tudo tão “natural” que encanta. Você está andando por um local quando de repente escuta o canto de um pássaro amarelo e ao segui-lo, voilá, um colecionável é adquirido! Já as raposas nos guiam a um altar onde Jin pode honrar os deuses e receber como benção melhorias no espaço de amuletos no jogo, fora o vento que literalmente aponta o caminho!
Expandindo a história – A Ilha de Ikki
A expansão de Ghost of Tsukima se chama a ilha de Iki. Nessa DLC conhecemos melhor o passado de Jin e também somos apresentado a uma nova vilã que se auto intitula a “Águia” e tem um hobbie bem estranho…
Nessa DLC temos um mapa totalmente novo para explorar realizando (em várias ocasiões) as mesmas ações do jogo base como limpar acampamentos, desafios de cortar bambus, meditar em fontes termais, compor poesias e etc. Felizmente os desenvolvedores também adicionaram coisas novas como um novo minigame de música que é usado nos templos para ganhar a confiança dos animais, um torneio de combate, desafios de arco e flecha, novos contos e também temos que lidar com uma nova condição “debilitante”…
Na parte do combate somos apresentados a uma nova classe de inimigos, o Xamã, que consegue com seu canto incentivar os guerreiros mongóis para atacar com uma fúria e precisão muito maior (praticamente transformando eles em Bersekers) e isso se traduz em um combate mais desafiador sem ser apelativo.
No frigir do ovos
Ghost of Tsushima é um ótimo jogo, possui uma ambientação absurda, gráficos belíssimos com um combate inspirado em filmes antigos de samurai (o diretor Akira Kurosawa foi a referência que os desenvolvedores usaram). Sendo indispensável para os fãs do gênero e até mesmo para quem não é fã! Peca em não ter uma I.A tão afiada como eu gostaria e em ter um mundo extremamente belo, mas um pouco vazio.
Sobre o preço cobrado pelas melhorias, eu sinceramente, achei a prática extremamente abusiva. Veja bem, se a Sucker Punch cobrasse somente a DLC eu não veria mal nenhum nisso…agora cobrar por melhorias gráficas e até mesmo por sincronia labial (na versão do PS4 nem essa opção existe) é uma putaria sem igual, ainda mais sabendo que nem de longe melhoraram o suficiente para cobrar o valor que cobraram…o jogo é ótimo, mas se possível esperem uma promoção!
