Earthlock: Festival of Magic, lançado em 01/09/2016 (testado no PS4, mas também disponível no Xbox One, Wii U e PC), é uma releitura dos clássicos JRPGs dos anos 90 e 2000 desenvolvida pelo estúdio norueguês Snowcastle Games. Sendo produzido de 2014 a 2016 por um estúdio ocidental, há muitos elementos modernos e externos ao tradicional JRPG, mas o jogo ainda estabelece elementos tradicionais como o combate por turnos e a história épica e convoluta (você pode ler mais sobre isso logo adiante).
Narrativa : 6 (mas podia ser um 9)
Earthlock: Festival of Magic apresenta um mundo vasto e rico, com muita história e detalhes interessantes. Há milênios o planeta parou de girar, dividindo-o em um hemisfério quente (permanentemente exposto ao Sol) e um hemisfério gelado (numa noite perpétua). Infelizmente a carga de informação é muito grande, sendo fácil para o jogador perder detalhes importantes (e a atenção).
O jogo conta a história de Amon, um garoto sucateiro que parte para resgatar seu tio sequestrado e acaba sendo envolvido num grande esquema que pode criar uma catástrofe tão grande quanto a parada do planeta milênios atrás.
A premissa é extremamente empolgante, mas o ritmo do jogo e da apresentação da trama é bastante arrastado. A quantidade de informação e termos inventados pode assustar os curiosos, e os personagens falham em demonstrar emoção ou profundidade. Somente aqueles dispostos a mergulhar de cabeça na cultura e história de Umbra resistirão àquela familiar tentação de metralhar um botão para pular os diálogos.
Mecânica : 9
Festival of Magic é um RPG com batalhas por turno, então aqueles que curtem o gênero se sentirão em casa. Ainda assim, há inúmeros detalhes que dão uma identidade única ao jogo:
- As opções são divididas em 4 conjuntos (controlados pelo direcional e/ou analógico), cada conjunto apresentando até 4 comandos (controlados pelos botões de face do controle).
- Cada personagem tem 2 modos de luta, geralmente um mais focado em combate e um mais focado em suporte, com opções de comando totalmente diferentes.
- O time se configura em pares de personagens, que vão desenvolvendo amizades e ações especiais conjuntas.
- Cada ação custa um número de Amri para ser executada, e um personagem recupera apenas 1 Amri por turno (há uma opção para Descansar, passando a vez para recuperar mais Amri)
- Não há encontros aleatórios: Todos os oponentes ficam visíveis individualmente no mapa, e você pode enfrentá-los um a um para diminuir a dificuldade ou agrupá-los num único confronto maior e mais difícil (mas com diversas recompensas, tal como Experiência adicional)
- Além de incrementar atributos básicos subindo níveis, há um elaborado sistema de progressão flexível onde peças vão sendo posicionadas num tabuleiro. Cada peça habilita um bônus ou habilidade, e pode ser trocada com outras já coletadas. É possível mudar o perfil de um personagem apenas trocando peças defensivas e ofensivas, por exemplo.
- Cada monstro derrotado pode dar algum material e hátambém uma ilha onde o jogador pode cultivar uma enorme variedade de plantas para adquirir outros materiais… O jogo apresenta um elaborado sistema de criação de habilidades, itens e munições.
Como você deve ter notado, Earthlock traz inúmeros sistemas e mecânicas, uns emprestados de outros gêneros e alguns completamente novos. Há muito para se fazer, experimentar e desenvolver.
Quanto maior a dedicação do jogador, maiores serão as recompensas.
Audiovisual : 8
O estúdio indie não poupou esforços na direção de arte do jogo. Os visuais são sempre limpos e simples à primeira vista, mas quanto mais você olha, mais detalhes você enxerga: Cada cena do jogo parece uma daquelas screenshots preparadas especialmente para divulgação. A câmera está programada para se ajustar de forma a guiar os olhos aos pontos de interesse, e isso funciona muito bem. Os modelos são bastante bonitos, os cenários são ricos em detalhes e tudo roda a uma taxa de quadros estável.
Infelizmente nenhum dos elogios ao visual podem ser aplicados a trilha sonora. Quando você pára para ouvir, as músicas até são bonitas e conseguem transmitir alguns sentimentos… Mas não há uma música marcante, e nada que reforce a ambientação ou tom que a história tenta passar. Em Earthlock, as músicas só estão ali para preencher o silêncio.
Minha nota na parte Audiovisual fica como 8, mas se pudesse dar notas separadas daria um 10 para Visual e 6 para Audio.
Considerações Finais
O sucesso de Earthlock: Festival of Magic no Kickstarter mostra que ainda há interesse do público em RPGs tradicionais, mas o produto final não conseguiu ser o jogo que todos esperavam. Ainda assim, em meio a problemas de ritmo e uma trilha sonora rasa, há o brilho de um projeto ambicioso de fãs para fãs: Um jogo de beleza ímpar e mecânicas sólidas e profundas.
Certamente uma gema bruta, recomendada para todos os apreciadores do gênero JRPG.
NOTA
Mecânica = 9
Audiovisual = 8
Narrativa = 6
GERAL : 7,7
Versão de Playstation 4