Há franquias que amamos e sempre aguardamos ansiosos por novas iterações. Jogos como Metroid, Castlevania e Dark Souls são aclamados por sua profundidade, ambientação e complexidade, e Hollow Knight se inspira e presta homenagem a estas obras memoráveis e aos gêneros que delas nasceram.
Desde que descobri minha paixão por Dark Souls anos atrás, tenho desejado ver misturas de seus elementos principais em outros gêneros. Salt & Sanctuary foi muito bem recebido em 2015 por incorporar diversos elementos de série Souls em um jogo de plataforma e, para muitos, foi uma tradução quase perfeita da aclamada série para um espaço 2D. Mas Hollow Knight cumpre uma realização ainda maior, incorporando e misturando mecânicas e técnicas de diversos gêneros para formar uma identidade própria, mas ainda assim bastante familiar.
O mundo é vasto e misterioso, e só os mais curiosos e corajosos (ou simplesmente insanos) ousam desbrava-lo!Narrativa: 9
Em Hollow Knight, o jogador desbrava um mundo diminuto povoado por estranhas criaturas e insetos em busca de um segredo escondido nas profundezas das ruínas de uma civilização perdida. A trama é bastante vaga e aberta para interpretação, e o jogador precisa procurar pistas sobre o mundo e sua história em diálogos com personagens, em detalhes do cenários e também lendo descrições de itens e habilidades… Um formato claramente inspirado na série Souls, mas executado com maestria pelo estúdio Team Cherry.
Um destaque especial precisa ser dado aos personagens. Cada um tem estilos e personalidades bem elaborados, além de serem bizarros e surpreendentemente charmosos – bem ao estilo Tim Burton.
Dificilmente você entenderá toda a história ou conseguirá acompanhar as motivações de cada personagem jogando apenas uma vez, mas isso torna toda a experiência mais pessoal: Esta é a sua história, não apenas uma história contada pelo jogo. Pode não ser uma apresentação que agrade a todos, mas os que sabem apreciar este estilo de storytelling encontrarão material profundo e bastante proveitoso.
Mecânica: 10
Hollow Knight é um jogo difícil de descrever. Há inúmeras camadas de complexidade para descobrir e se aperfeiçoar conforme se avança. O melhor termo que posso usar para encaixá-lo num gênero seria Metroidvania, pois há um mundo gigantesco a sua disposição desde o começo, com certas áreas bloqueadas pela necessidade de alguma habilidade especial de movimentação. O protagonista possui um mapa que é preenchido conforme se exploram as salas e corredores das ruínas do mundo, e tudo se desenvolve de forma bastante natural.
Os controles são incrivelmente precisos e o jogo corre em plena fluidez mesmo em PCs medianos. Nota-se uma enorme dedicação do estúdio em garantir uma experiência de combate e movimentação satisfatória. Em algumas horas de jogo você estará quicando pelas paredes, se esquivando pelo ar, dançando entre tiros e golpes de inimigos e complementando seu mapa com as novas informações que você reuniu.
Cada golpe acertado num inimigo carrega um pouco do seu reservatório de Soul, que é uma energia usada para se curar e também para ativar golpes mais poderosos. Há uma constante tensão para manter sua (pouca) vida intacta, permitindo que você possa utilizar ataques especiais sem precisar se preocupar em economizar souls para se curar.
O jogo deve agradar aqueles que buscam um bom desafio: Os controles (aparentemente) simples e fáceis dão liberdade para os desenvolvedores criarem encontros e passagens maquiavélicas. O jogo é justo, mas bastante punitivo. Os recursos são escassos e há pouco espaço para erros: Seguindo a moda instaurada na série Souls, morrer deixa um fantasma no local, que fica com todo o seu dinheiro e também com um fragmento do seu frasco de energia.
Hollow Knight traz uma extensa e variada seleção de habilidades e itens para personalizar a jogabilidade do personagem conforme o seu estilo. Você pode equipar habilidades mais defensivas e conservadoras ou equipar habilidades que melhorem sua mobilidade e capacidade de navegação, por exemplo. As mecânicas principais são simples e bem fundamentadas, permitindo um surpreendente grau de variedade quanto ao que se pode fazer com diferentes combinações de poderes.
Audiovisual: 9,5
Seja para o jogador ou para um expectador curioso, Hollow Knight é um espetáculo. A direção de arte acerta em cheio o ponto de equilíbrio entre o macabro e o encantador, e os desenhos e animações feitos a mão correndo a 60 quadros por segundo enchem os olhos. Os ambientes são ricos em detalhes e há incontáveis elementos para se interagir, destruir e/ou estudar pelos cenários.
As músicas não se destacam individualmente, mas complementam perfeitamente a ambientação do jogo, proporcionando momentos de mistério, medo, curiosidade e tensão conforme orquestrado pelos desenvolvedores.
Considerações Finais:
Hollow Knight é um jogo sobre exploração, curiosidade e imaginação… Mas é também um jogo sobre técnica, persistência e desenvolvimento próprio. Seu mundo recompensa aqueles que ousam desbravá-lo, mas suas mecânicas punem aqueles que não se concentram para lutar e para se deslocar. Tudo isso junto ao seu estilo de arte singular, ambientação e história críptica o estabelecem como uma jóia na cena Indie: Um jogo que você tem a obrigação de conhecer.
NOTA
Narrativa = 9
Mecânica = 10
Audiovisual = 9,5
GERAL : 9,5
Para finalizar, gostaria de deixar aqui um registro do momento que obtive minha habilidade favorita, ainda nas primeiras horas de jogo. Aproveite para apreciar o mistério e a tensão opressora do mundo ao meu redor, e compartilhe da minha curiosidade e vontade de seguir em frente… Considere que há um leve grau de spoilers, e por favor me perdoe por não ser um completo mestre no controle!
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