JRPG é um gênero que tem ganhado crescente destaque nos últimos tempos. Diversos estúdios tem dado vida a jogos tentando “reviver” o gênero, e Cosmic Star Heroine é a aposta da Zeboyd Games (de Cthullu Saves the World) para redefinir toda uma família de jogos clássicos… e talvez se juntar a ela.
Narrativa: 8,5
Cosmic Star Heroine acompanha a heroína Alyssa L’Salle, uma agente da API (Agency of Protection and Intelligence) que descobre uma grande conspiração dentro de sua organização. Usando de uma ambientação distópica e bem construída, o jogo apresenta um mundo familiar a qualquer fã de narrativas pós-apocalípticas… E o faz sem uso de clichês.
Os personagens são interessantes, com suas próprias motivações e histórias. A Zeboyd Games demonstrou grande habilidade na composição de diálogos que dão brilho a personalidade de cada indivíduo, com um tom e dosagem acertados de humor.
Nos mais diversos momentos o jogo apresenta pequenas cutscenes desenhadas a mão, que ajudam a definir o tom da cena e conduzir a imaginação do jogador pelo próximo capítulo… O tipo de efeito que teríamos nos melhores RPGs do Playstation nos anos 90.
Mecânica: 8,5
CSH honra o gênero JRPG trazendo um mundo com enormes mapas para se explorar, recheados de passagens secretas e tesouros escondidos. Não há encontros aleatórios, e você pode ver seus próximos oponentes antecipadamente para se preparar.
Cada encontro é único, com grupos de inimigos feitos a mão. Há um balanceamento perfeito na progressão e dificuldade do jogo, e você realmente sente que tudo que se passa é orquestrado (o que casa muito bem com os temas abordados no jogo). Vale notar que não é possível fazer grind no jogo (lutar com mais inimigos para subir de níveis e facilitar os próximos encontros), tornando XP um recurso escasso e precioso.
Os combates usam um clássico sistema de turnos. Na direita da tela é possível checar a ordem de ações, na esquerda estão as informações sobre vida e poderes dos heróis e na parte de baixo estão as opções de comando disponíveis… E é no sistema de comandos que o jogo brilha.
Os comandos disponíveis se organizam em 3 abas: Habilidades (ataques e ações de suporte), Itens e Programas (magias associadas a equipamentos). Há 8 slots em cada aba, e cabe ao jogador escolher o arsenal de ações que levará para batalha. Além disso, a maioria das ações se desgasta após o uso, sendo necessário escolher uma opção de descanso/defesa para recarregar tudo que está esgotado (inclusive itens e programas). Este é o sistema mais elegante e mais versátil que já se viu num JRPG tradicional – funciona bem e traz uma variedade de estratégias.
Um ponto que precisa ser ressaltado são os problemas técnicos: Jogando no PS4 não cheguei a notar nada, mas há muitas reclamações (especialmente de usuários da versão de PC) falando de sprites que não se movem e não são animados corretamente, causando desconforto e quebrando qualquer imersão.
Um problema que eu notei foi na sensibilidade do botão de ação/aceitar. Se você pressionar o botão por mais do que uma fração de segundo ao fim de um diálogo, o jogo entende que você está tentando iniciar uma nova conversa com o mesmo NPC. Por vezes perdi minutos tentando escapar de uma mesma conversa repetida.
Espera-se que um futuro patch corrija problemas como estes.
Audiovisual: 8,5
O jogo usa de pixel art e sprites para emular um jogo de 16 bits. Ainda assim, ele se aproveita da tecnologia existente para superar as limitações da época. Apesar dos sprites, o jogo renderiza mais do que o dobro de cores que um console de 16 bits poderia suportar. Os mapas são ricos em detalhes, os personagens têm uma enorme variedade de animações, e durante o combate há inúmeros efeitos visuais diferentes.
A trilha sonora conta com músicas de qualidade, com destaque para o rock que toca durante as batalhas e sua energia que aumenta a imersão das batalhas – você raramente vai perceber que esse tipo de som não existia em consoles dos anos 90. As músicas usam um pouco do som de consoles das antigas, mas por vezes adicionam camadas de instrumentos e percussão.
Vale destacar o trabalho feito nas cutscenes do jogo: Você tem a sensação de que essas cenas seriam possíveis num jogo da época, mas que apenas um time muito talentoso conseguiria produzir esta quantidade e com esta qualidade.
Considerações Finais
O estúdio Zeboyd Games realmente fez um ótimo trabalho para convencer o jogador de que ele está jogando o melhor JRPG dos anos 90… Mas Cosmic Star Heroine não é um jogo dos anos 90, e sim um uma obra sólida e bem executada, capaz de trazer a tona suas memórias da era de ouro dos JRPGs.
NOTA
Narrativa = 8,5
Mecânica = 8,5
Audiovisual = 8,5
GERAL : 8,5
Versão de Playstation 4