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REVIEW | Ancient Frontier

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XCOM e Battlestar Galactica tiveram um filho!

Ancient Frontier é um jogo com tons de Space Opera no qual você, um comandante de uma fragata de naves espaciais, explorará o espaço enquanto defende os interesses de duas facções com histórias distintas. É um SRPG competente, com falhas pontuais que incomodam bastante.

Em poucas palavras: é como se XCOM e Battlestar Galactica tivessem um filho, mas que nasceu meio feio.

Quando se trata de jogos de estratégia com elementos de RPG, o principal fator que deve ser levado em consideração é o que eu gosto de chamar de “camadas de gameplay”: As variantes de estratégia que há nesses games. Disgaea, por exemplo, um SRPG japonês clássico, adiciona essas camadas em combates com possibilidades de arremessar seus personagens pelo campo de batalha, por exemplo, além do gerenciamento de base e de personagens; Final Fantasy Tactics, por sua vez, adiciona isso no gerenciamento do seu plantel de guerreiros e, mais especificamente, na customização deles.

battleship screenshot

Ancient Frontier faz isso de uma forma muito interessante, mesclando elementos típicos de games de estratégia e RPG, mas adicionando um competente – embora básico – sistema de gerenciamento de recursos, fugindo do básico “dinheiro” que vemos normalmente. Tais recursos são utilizados nas mais diferentes formas: Atualizações e melhoria para as naves da sua fragata (que se dividem em quatro categorias), comprar outras naves e até mesmo fazer uso das naves e são conseguidos como recompensas em missões ou mesmo pelos mapas de jogo, espalhados, bastando que uma unidade se movimente sobre ele.

No que tange o jogo de fato, é um SRPG com movimentação hexagonal pelo espaço. Você movimenta suas naves pelos campos espaciais e, se outras naves estiverem em seu alcance, pode executar ataques: Naves maiores se movem menos e atacam mais; naves menores se movimentam mais e atacam menos. O jogo ainda adiciona as famosas camadas de estratégia ao disponibilizar uma boa gama de equipamentos, armas e apetrechos para customização e melhoria dos membros da fragata e, dificilmente, uma nave (e playthrough) será como o outro.

A história do jogo em si não é tão rasa e é muito bem construída. Toda ela é apoiada numa lore bem interessante (que pode ser acessada em qualquer momento no menu principal do jogo), alguns diálogos interessantes e uma narrativa até bem concisa, mas a dublagem… Nossa. A dublagem é sofrível. É perceptível o esforço da parte dos atores em transparecer as sensações dos personagens do jogo, mas, a impressão que fica é de estar ouvindo áudios eróticos que, tamanha a quantidade de Mise-en-scène, sussurros e vozes aveludadas. Visualmente falando, o jogo é OK. Não é um primor de gráficos memoráveis, mas é bem competente e entrega visuais legais, bem detalhados até. Os modelos de nave são críveis e verossímeis e confesso que me peguei diversas vezes hipnotizado pelos landscapes de batalha: São belíssimos, muito bem coloridos (e animados também, como é o caso das tempestades de íon). As artes também são muito bem feitas, com traços mais realistas nos personagens. Outro ponto positivo é a trilha sonora, que é transmite bem o clima do jogo e é bem composta.

gunships

Mas as coisas começam a se complicar por aí. Porque, apesar da pretensão (boa) de ser um game profundo, Ancient Frontier peca em ser raso demais mecânica, narrativa e audiovisualmente.

O game é meio tedioso. Os combates são rasos demais, sem muita profundidade estratégica. Uma nave batedora (da classe Wing, as menores) é tão capaz de encarar uma Fighter (naves pequenas, mas com boa capacidade combativa), coisa meio ilógica, segundo as próprias características do jogo, por exemplo. Ainda mais por se tratar de um jogo com a temática de “última fronteira”, os combates precisavam de mais emoção; precisavam de uma sensação de tensão. Até mesmo jogadas de câmera para mostrar uma destruição de oponente (como as câmeras alternativas de XCom, por exemplo), são meio meh.

Mesmo com o “permadeath” das naves que você compra, os upgrades são feitos de forma geral, ou seja, por cada classe de nave, e não por nave. Os próprios upgrades são um outro exemplo da superficialidade do jogo: São simples e não entregam algo “uau”, que surpreenda você. A sensação que fica é que você está jogando apenas para ganhar mais “level” e não há uma razão concreta para se comprar os upgrades, senão aumentar estatísticas. E embora siga uma mecânica bem estabelecida de cobertura – neste game apresentado por estações espaciais e asteroides (que podem ser destruídos para causar dano, e isso é bem bacana) — para se proteger dos tiros. Não é algo que atrapalhe, mas cairia bem a opção de mostrar os grids mesmo quando não estamos movimentando as naves e/ou atacando.

maxresdefault

Ainda não entendi o motivo das missões de exploração: Você precisa movimentar suas unidades pelo mapa e “descobrir” os grids cobertos pela fog of war (grids pretos), sem morrer (é óbvio). Lógico que o “argumento” é compreensível, mas a aplicabilidade disso chega a ser idiota, pra dizer o mínimo. Uma missão que consiste em, simplesmente, se mover pelo mapa é desperdício de potencial num nível preocupante.

Já a navegação toda do jogo é feita por menus simplórios e, de certa forma, simplificados, sem maiores problemas. A interface não é confusa e é bem intuitiva. Mas isso, infelizmente, colabora para a sensação de falta de profundidade que o jogo passa desde o começo.

Ancient Frontier é um jogo que podia mais. Se embasou em elementos clássicos do gênero estratégia/SRPG e adicionar um twist diferente – a jogada da Space Opera – mas, falha em trazer isso de forma que prenda o jogador, entregando um jogo raso e meio tedioso, pelo menos a primeira vista. Espera-se totalmente o oposto disso, ainda mais levando em conta a temática abordada. No geral, não é um jogo ruim, apenas não é um jogo bom.

MECÂNICA – 7

AUDIOVISUAL – 7

NARRATIVA – 6

TOTAL – 6,6

Versão de PC