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GAMECHANGER | #Especial

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QUANDO FOI QUE A COMUNIDADE DE GAMES BR SE TORNOU TÃO TÓXICA?

 

Bom dia, boa tarde, boa noite ou qualquer coisa entre esses, senhoras e senhores leitores deste fantabuloso, oníscio e ─ porque não ─ verborrágico e neologista site! Hoje não vamos falar de jogos que mudaram o universo dos games ou de mecânicas revolucionárias. Infelizmente, teremos que abordar um assunto que já vem me incomodando há algum tempo.

Console Wars não é novidade pra ninguém. Todos nós já nos envolvemos, em algum grau ou forma, dentro dessa prática antiga do mundo gamer. Mas, de uns tempos para cá, as coisas têm ficado muito complexas ─ até mesmo  sérias ─ nesse meio. Não é incomum vermos comunidades inteiras fracionadas em duas (as vezes três) partes, se digladiando virtual e verbalmente para tentar comprovar suas preferências perante ao colega do outro lado da tela.

Um poderia dizer que “isso é normal” e “sempre haverá discussões” e, francamente, eu concordo. Discussões e pequenas brigas são normais. Mas veja bem: Discussões saudáveis e pequenas brigas. O que tem tomado o lado tupiniquim da internet não é, sequer, normal. Já passou do ponto de perigoso também. Estamos vivendo o momento mais tóxico da comunidade gamer no Brasil. Mas para entender isso, vou te contar uma historinha.

EFEITO TORCIDA DE FUTEBOL

Era uma vez dois colegas: Chefe e Dreique Eles tinham preferências claras e diferenciadas mas sempre conviveram no mesmo espaço em paz. Chefe era um torcedor fanático do Caixa Verde Futebol Clube (doravante conhecido como Caixa). Dreique, por sua vez, é super fã do Poliesportivo Lúdico Azul Yoga (ou só o Play)(NR: Que porcaria…).

Como dito antes, eles conviviam em paz. Até um dia que, não se sabe exatamente quem, um tentou convencer o outro de que o seu gosto pessoal e suas convicções estavam completamente erradas. Para comprovar isso, Chefe juntou sua turma e o argumento era “olha quanta gente torce pro meu time! Ele claramente melhor que o seu!”. Dreique, do lado de lá, disse “Nah, olha aqui quantos eu tenho do meu lado! Claramente o seu é pior do que o meu!”. Desse momento então, tudo que os dois fizeram foram juntar uma legião de fãs ─ uns mais fãs do que o próprio Chefe e Dreique, mas reservados; outros menos fãs, mas mais fervorosos em suas convicções ─ e começar um verdadeiro festival de ofensas. Um belo dia, ambos resolveram se atacar.

Todo mundo saiu perdendo

O que eu descrevi acima foi uma ridicularização do que eu gosto de chamar de Efeito Torcida de Futebol (ETF), ou seja, quando duas (ou mais) coisas, geralmente antagônicas, são colocadas em uma posição de que, necessariamente, uma precisa vencer a outra e tal objetivo só vai ser atingido com a defesa que a torcida gerada pelos dois (as vezes mais). Quando fandoms se embatem no Twitter ou quando Coxinhas vs. Petralhas  rola na sua timeline do Face ou o debate dos presidenciáveis são exemplos claros e cotidianos do ETF.

E nem preciso dizer o quão problemático isso é, né? Preciso? Ok. Vamos lá.

Além da óbvia falta de discussões saudáveis, o ETF colabora para um clima inamistoso e para a criação de mais estereótipos num meio que, francamente, já esterotipado até dizer chega. Inamistoso suficiente para criar em algumas pessoas (caso real), vergonha de dizer que tem determinado videogame, só para não sofrer bullying virtual.

Mas, se o problema fosse só o ETF, as coisas ainda davam para se resolver com facilidade porque, mesmo as torcidas de futebol mais estúpidas e violentas, não se comparam a estupidez e moloidice elevadas ao nível mais profissional de todos: As páginas na internet que fomentam isso.

Estamos falando de páginas de internet que, sob uma (ridícula) pele de cordeiro chamada “informação” disseminam caos e animosidade entre seus seguidores, como Xbox Mil Grau, Playstation Mil Grau, Drake Sincero e muitas outras. Mas eu peço para que vocês se preparem, pois o que vai ser dito aqui vai magoar muita gente: Esses caras não estão defendendo o que vocês amam. Eles estão defendendo o ganha pão deles.

PAGES WAR

Vamos ser sinceros? A gente só se envolvia em guerras patrocinadas pelo ETF porque a gente tenta, a todo custo, tentar convencer o outro de que o seu ponto de vista está errado. Aí, o outro, que não está nada disposto em mudar o ponto de vista, não arreda o pé e começa a briga. Aí, é aquele festival de argumentos que ambos acham ser infalíveis, mas que são na realidade ineficazes, e ninguém convenceu de ninguém de nada. E é nesse momento que a gente percebe que aquilo não vai dar em nada e segue, tranquilo, a vida. Sun Tzu já dizia que fazer guerra pra não render nada é uma perda de tempo gigantesca (ele não falava dessa forma, mas tudo bem).

O ponto chave aqui é justamente a falta de percepção de que quando um não quer, dois não bicam, como já diriam as vovós desse Brasilzão. Não adianta tentar, espernear e forçar. As coisas são simples assim: Só tem chance de ser convencido quem se abre pra isso.

E aí entra o verdadeiro câncer das comunidades brasileiras: As páginas de Facebook.

Sob o parco disfarce de páginas informativas com foco em um único conteúdo, as páginas como Xbox e PS mil grau, Drake Sincero, Xbox Opressor e tantas outras, que tem alcances enormes e, ao invés de usarem esse alcance para promoção de conteúdos maneiros e legais, semeiam conteúdo ridículo, memes toscos e discussões tóxicas pela internet. O maior de todos os palhaços, o cabeça da Xbox Mil Grau, chega ao ponto de excluir comentários contrários a sua ideologia (porcaria, ideologia em videogame? Que ponto chegamos…) só para ficar parecendo o Rei da Cocada Preta (verde, no caso). Ridículo, né?

O mais ridículo ainda é que os curtidores dessas páginas reproduzem essa palhaçada como verdadeiros asseclas acéfalos, sem nem pensar no que estão dizendo, repetindo “gráficos, resolução, exclusivos” como mantras, apontando o dedo na cara do coleguinha só porque ele não quer se convencer do contrário.

Mas para você que realmente acredita que esses mantras e dogmas são perpetuados para que você se sinta especial, saiba que você não passa de uma ovelha que repete um monte de sandices só para que alguém lucre em cima de você. É isso mesmo. A galera dessas páginas não está realmente interessada na ETERNA CONSOLE WAR, que você, no alto de sua faltadoquefazerzice, ama de paixão. Esses caras só querem garantir o pão – e o jogo – na mesa deles todo dia. Isso não seria condenável se não fosse pelo pequeno detalhe que, de forma maquiavélica, eles utilizam de pessoas que realmente acreditam que o videogame/empresa é a Terceira Vinda de Jesus à Terra (a segunda é certamente Dark Souls).

SEUS ÍDOLOS NÃO TE AMAM. É simples assim!

 

TOXICIDADE: Qual é seu ID?

As coisas ficaram realmente tóxicas (palavra da moda, inclusive) aqui no Brasil. Segundo um conhecido, nem mesmo o Reddit tem tanta toxicidade quanto no Facebook BR. Essa toxicidade que é distribuída pelas páginas ridículas e pelo ETF acabaram por criar o pântano venenoso que é a comunidade gamer no Brasil e, a lama mais violentamente suja e venenosa de todas é uma pergunta que, só d’eu ler, fico com vontade de socar a tela do meu (já quebrado) laptop: PASSA AÍ SUA ID/GAMERTAG?

O que se quer provar com isso? Se a pessoa joga videogame mesmo? E como isso comprova alguma coisa, na verdade? O máximo que se comprova com gamertag é o quanto sua vida anda desocupada, na realidade. Já chegamos ao ponto de um dos cabeças do Xbox Mil Grau pedir o gamertag da colega de profissão, Bruna Penilhas (do IGN Brasil) e ainda fazer vídeo no YouTube denegrindo-a porque ela não quis passar seu gamertag.

Então quer dizer que se eu não tenho um gamerscore alto eu não sou gamer? E a bagagem toda que eu tive ANTES disso? E os jogos que são jogados no perfil da empresa (Sim, isso acontece)? E os jogos que NÃO SÃO JOGADOS ONLINE?  Usar gamescore pra mensurar nível de gamer de alguém é igual falar que um piloto de Fórmula 1 não é um bom piloto porque nunca fez uma pole-position na vida: é ridículo.

Existem momentos igualmente ruins – ou piores – lembram quando expuseram o rapaz da Xbox Mil Grau por causa de desavença? Ou quando qualquer canal de games no YouTube COMEÇA A FAZER PARTE DESTA PORCARIA chamada console war? Pois é. É dessa forma que as coisas estão…

CONCLUSÕES?

 

Essas atitudes transformaram a internet num lugar ainda mais chato para se ficar. Imagine só a situação: Você vai até uma página do Facebook para divulgar sua página/site/canal e você é automaticamente rechaçado porque postou um conteúdo que não condiz com a fãzice ridícula de outra pessoa. Ou, automaticamente, você é um “ista” do lado oposto

Uma coisa não exclui a outra. Se eu tenho PS4 eu sou automaticamente Sonysta? Se eu só tenho um 3DS sou, automaticamente, Nintendista?

Essa console war que os grupos provocam não é bom para a indústria e nem para o nosso mercado: fica a impressão que, no Brasil, qualquer porcaria que tenha dois lados vira um jogo de futebol onde duas torcidas acham que quem gritar mais alto, vence.

De verdade: O PS4 vendeu mais no geral, o Switch não é tão fraco assim e o Xbox One X é o console mais poderoso que tem. Independente da flexibilidade do termo “exclusividade”, independente do que você pensa sobre PC ou não.

Fazer isso é colocar uma enorme venda sob seus olhos e se tapar para uma realidade onde ninguém vai te achar idiota porque você achou Uncharted 4 mais bonito do que Halo 5 ou que Forza melhor que Gran Turismo. Ninguém vai te achar um idiota, também, se você pensar que Halo 5 é mais bonito que Uncharted 4 ou que Gran Turismo é melhor que Forza. Isso se chama opinião e, a menos que seja algo estritamente escancarado, discrepante ou condenável, não é crime nenhum tê-la.

O grande problema, na verdade, fica por conta de como você dá sua opinião e, talvez, mais importante: como você pinta essa opinião. Ela é sua opinião ou você realmente acha que ela deva ser colocado como um troféu num pedestal por todo mundo que discorde de você? Pensar como na última alternativa é pensar como um idiota, um egocêntrico, que realmente acha que a única opção na Terra é a sua opção. Agora se você acha certo ser egocêntrico, tenho más notícias para você e boas notícias para seu terapeuta.