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Furi refina ao máximo seu combate, que é preciso e intenso

Existe uma tendência quase generalizada de fazer jogos com mundos vastos e transbordando com conteúdo e atividades para se fazer, mas Furi não é um deles. Ao invés de ser uma obra que tenta fazer um pouco de tudo, esta é uma experiência notavelmente focada em um único aspecto – e o resultado é de qualidade ímpar.

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The Stranger é um cara durão… Mas o que será que ele fez de tão grave para ir parar nesta prisão maluca?

Narrativa: 9

Combinando com a direção estilizada, a história de Furi é subjetiva e sujeita a interpretação. A camada mais externa da trama mostra o protagonista The Stranger (o estranho, ou o estrangeiro) em sua luta para se libertar da prisão onde estava sendo mantido cativo e torturado por seu cárcere.

Entre as lutas intensas, há momentos de introspecção. Um misterioso homem vestido de coelho, chamado The Voice (a voz), acompanha Stranger na fuga da enorme fortaleza. Enquanto o protagonista nunca diz nada, seu acompanhante faz longos monólogos falando sobre sua vida, a história do lugar onde estão presos e por inúmeras vezes dá pistas relacionadas a quem é Stranger e porque foi preso.

Alguns dos guardas têm razões pessoais para garantir que você não escape do seu encarceramento. O envolvimento emocional deles transparece na forma como os textos são escritos e na interpretação excepcional dos dubladores. Mesmo durante a luta há pequenas frases e cenas que complementam suas histórias e motivações, aumentando assim a intensidade dramática de cada um dos duelos mortais.

O jogo tem múltiplos finais, inclusive um alternativo que pode ser alcançado sem nem mesmo lutar contra todos os inimigos. Há inúmeras formas de se interpretar o que está acontecendo e o que já aconteceu. A história é subjetiva e curiosa, convidando o jogador a experimentar tudo de novo e discutir sua interpretação dos fatos com outras pessoas.

Furi 3
É preciso um bom nível de concentração e coordenação para desviar dos tiros e atingir seu adversário!

Mecânica: 10

Foco é palavra da vez em Furi. O jogo vai direto ao ponto, usando de suas passagens narrativas apenas para dar fôlego ao jogador e contrastar com a intensidade de seus duelos. Você não vai explorar o mundo, não vai lutar contra bichinhos fracos para subir de nível, não vai gerenciar equipamentos, usar itens nem resolver quebra-cabeças: A única coisa que você fará neste jogo é enfrentar os poderosos guardiões da sua prisão, cada um disposto a dar sua própria vida para impedir que você continue a fazer seja lá o que for que você fez quando era livre.

Todas as lutas seguem o mesmo padrão, que basicamente é constituído por dois formatos de jogo: Cada barra de vida do inimigo tem um fluxo de combate a distância seguido por um momento de combate corpo-a-corpo, progressivamente adicionando novos ataques e aumentando sua velocidade e dificuldade.
Assim como os adversários, Stranger também tem sua vida fragmentada em barras. Quando um dos dois lutadores tem uma barra de vida esgotada, o outro tem sua barra atual restaurada. Existe uma frustração indescritível para o momento que você só precisava dar mais um golpe para terminar uma barra de vida e acaba perdendo a sua – o que efetivamente “reseta” a fase atual do duelo. Já o contrário é igualmente gratificante!

As etapas de combate a distância funcionam como um jogo do gênero Bullet Hell: Num esquema de controles de alavanca dupla, você deve atirar seus projéteis no adversário enquanto desvia de uma avalanche de lasers e tiros, sendo que os padrões de ataque dos inimigos ficam progressivamente mais complexos e mais difíceis de navegar.
O combate corpo-a-corpo aparenta ser mais lento, mas é mais tenso e exige reflexos rápidos e precisos. Há botões de ataque, defesa (com possibilidade de contra-ataque) e esquiva, e com este reduzido acervo de ferramentas você deve sobreviver as investidas do inimigo e procurar brechas em sua defesa.

Caso não tenha ficado claro até aqui, Furi é um jogo difícil. Tipo, muito difícil. Existe uma clara barreira de entrada, uma exigência de altos reflexos, concentração, precisão e poder analítico. Os controles são simples e precisos, então tudo parece justo – seus erros são exclusivamente seus, e você não tem como culpar o jogo por sua derrota. Mesmo a dificuldade mais baixa é brutal e pode dar trabalho para um jogador normal.
Obter sucesso em qualquer duelo dá uma imensa satisfação, e você realmente se sente como um guerreiro poderoso e perigoso – do tipo que precisaria de uma prisão dessa magnitude para ser contido.

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Combinando efeitos sutis e alguns mais bombásticos, a apresentação e a animação são de altíssimo nível!

Audiovisual: 9,5

Com seu visual estilizado e colorido, sua animação e movimentação fluida e rápida e suas músicas rápidas e empolgantes, para um espectador desavisado Furi pode parecer a cena de luta coreografada de algum filme.

O design dos personagens é rico em criatividade e estilo. Cada um dos guardas da prisão tem personalidade própria, que é refletida no seu visual e no excelente trabalho de dublagem. Somando-se ainda a beleza e estranheza do mundo ao seu redor, o jogo faz um primoroso trabalho em parecer familiar e lógico… Mas distintamente alienígena.

Por vezes os cenários e modelos nem são tão detalhados, mas o uso de cores e a profusão de efeitos visuais fazem de Furi um prato cheio para os olhos! As músicas eletrônicas são agitadas e contam com um trabalho de percussão que ajuda a criar a tensão de duelos até a morte – além de reforçar a sensação de um combate visceral, de habilidade e precisão. Todo o design do jogo parece ter sido idealizado para trabalhar em sinergia com este tema central.

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Apesar de não pode explorar todo o mapa, os monólogos ajudam a construir um mundo profundo interessante.

Considerações finais

Furi vai contra a maré das tendências de design. Este é um jogo que se destaca não por se esforçar em ter variedade ou se encher de conteúdo opcional, mas sim por ser uma experiência concisa e focada em sua temática e mecânicas centrais. Com combates intensos e precisos, o jogo oferece um nível bastante alto de desafio, mas ainda mais satisfação apenas por se jogar e vencer contra desafios impossíveis.

Nota

Narrativa = 9

Mecânica = 10

Audiovisual = 9,5

Vale os 20 dólares? Não precisa pensar duas vezes! Um jogo com este nível de polimento é uma joia que merece ser apreciada por todos! Se você não tem medo de desafios e gosta de praticar e melhorar suas habilidades, esta certamente é uma experiência que vai ressoar com o seu espírito de jogador!

Geral: 9,5

Jogado na versão para Nintendo Switch

Furi 2
Se Stranger escapar de sua prisão, seria esse o fim do mundo lá fora?