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Grip – Combat Racing

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Por Samuel Auras

 

Logo de cara vou dizendo que sou um grande fã de Rollcage. Para você que não sabe de qual jogo estou falando (provavelmente, a maioria de vocês), Rollcage foi um jogo de corrida para PS1 e PC lançado em 1999. E Rollcage era um jogo excelente. Eu passei mais tempo jogando Rollcage em local com meus amigos do que praticamente qualquer outro jogo. A sensação de velocidade, as construções destrutíveis, os carros que podiam andar por paredes e pelos tetos… Até hoje eu posso lembrar o cheat code que fazia o jogo ficar sem gravidade, tornando qualquer rampa em um lançamento do seu carro para o infinito – enquanto você decorava o konami code, eu decorava “flymetothemoon”. Podemos dizer, então, que fiquei bastante interessado quando Grip – Combat Racing começou a aparecer pela internet – um sucessor espiritual de Rollcage (e de Rollcage Stage 2, que, apesar de não ter me prendido tanto quanto o primeiro jogo, também era ótimo), desenvolvido por muitos dos designers e fãs do original.
A essa altura do texto, você já deve estar imaginando que vou dar um 10 automático para Grip. Mas confie em mim: consigo ser imparcial. Ainda assim, posso dizer com a maior das alegrias: Grip é INCRÍVEL. Tem seus defeitos, mas é o sucessor perfeito de Rollcage. Se você tem o menor interesse por jogos de corrida desse tipo – com combate, altíssimas velocidades e pistas com design mirabolante – dê uma chance para Grip.

 

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Uma mistura de visual cyber e steampunk em meio a enormes cidades, desertos, selvas, montanhas nevadas… Grip tem uma direção de arte sensacional.

Vamos logo falar do que mais interessa em um jogo de corrida: a jogabilidade. O jogo pode ser lindo, cheio de conteúdo, mas se for chato de jogar e não tiver comandos precisos e intuitivos, não adianta de nada. Grip – Combat Racing acerta em cheio aqui. Apesar das altíssimas velocidades (o jogo promete ter os carros mais rápidos da história dos videogames, e deve ser verdade porque uma das opções de unidade de velocidade é MACH), Grip mantém o controle do carro completamente na sua mão. No início pode ser meio difícil, e devo admitir que eu até achava que era problema do jogo mesmo, mas depois de algumas corridas eu já estava pegando o jeito da coisa.
É um jogo que precisa de um tempinho pra se acostumar, mas tudo funciona muito bem. E não é pouca coisa que está ao alcance dos seus dedos: além do óbvio – acelerador, freio, freio de mão, etc – você tem acesso a dois slots de armas que pode preencher com itens pegos durante a corrida, controle de ângulo do carro enquanto está no ar, e tem até um botão dedicado para fazer seu carro pular (um pequeno impulso vertical que te ajuda a vencer certos obstáculos). Mas o principal diferencial de Grip está na capacidade que os carros têm de virar de cabeça pra baixo e continuar correndo normalmente. De maneira bem simples: o seu carro nunca capota. Além disso, a alta velocidade é usada para dar aderência ao teto, paredes, pistas de cabeça pra baixo… Esqueça os jogos de corrida normais que te fazem andar de carro só pelo chão. Que sem graça.

 

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Pra onde é o chão? Pra onde é o teto? QUEM SE IMPORTA!?

As pistas têm um design excelente, na sua maioria. Elas contam com seções abertas que incentivam o combate durante a corrida, além de vários caminhos alternativos, oportunidades de manobras incríveis, atalhos com navegação super difícil, obstáculos dinâmicos (torretas lançando misseis contra os competidores, por exemplo)… E isso tudo acontece nos ambientes mais variados, e com uma direção de arte primorosa. O jogo não tem os gráficos mais impressionantes do mundo, mas roda a um framerate firme e constante, e os visuais são muito bonitos em alta velocidade. As várias pistas passam por alguns planetas diferentes, cada um com seu visual distinto – uma imensa metrópole, um deserto nuclear… Mas ainda assim tudo muito coeso, você realmente acredita que tudo faz parte de um mesmo universo. Os carros também têm visuais muito legais: vários modelos desbloqueáveis e muitas, muitas opções de customização. O jogo tem um sistema de nível de jogador através do qual você vai liberando novos carros e novas opções de customização – adesivos, rodas, etc. Qualquer coisa que você faz no jogo, seja jogando na campanha ou fora dela, te dá EXP que colabora para desbloquear aquele próximo item. Também não faltam modos de jogo. Além do clássico modo de corrida, existem outras variações de corrida. Em um dos modos, por exemplo, a corrida é vencida por pontos, e existem várias maneiras de conseguir pontos – ficando em primeiro lugar, eliminando mais oponentes, fazendo mais manobras aéreas… Você pode escolher COMO quer vencer. Quer correr mais rápido que todo mundo, chegar em primeiro e tentar garantir a vitória, ou quer ficar atrás dos outros explodindo cada carro que vê pela frente para vencer na força bruta? E falando em força bruta, o jogo também conta com modos de batalha, que acontecem em arenas específicas para este modo. E as arenas são bem abertas e cheias de armas pra coletar, rampas e loops pra perseguir e emboscar os inimigos… Tudo o que você pode querer de uma arena de combate em um jogo deste tipo.

 

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Alguém vai sofrer com aquele míssil que eu lancei…

O jogo conta ainda com um modo completamente inusitado, diferente de muito do que você já viu: CARKOUR. Como diz um troféu do próprio jogo: “É um trocadilho… sacou?” Carkour é o modo em que as suas habilidades no volante serão realmente testadas. Você deve manobrar o carro através de pistas de obstáculos que requerem pulos precisos, velocidade exata, controle milimétrico e nervos de aço. Esse modo é uma homenagem a um modo de jogo de Rollcage Stage 2 nestes mesmos moldes. Ideal para uma mudança de ares depois daquela corrida complicada.

 

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“Carkour!” – Scott, Michael.

Todas estas várias armas e power-ups, modos de jogo, e cada sistema que Grip – Combat Racing oferece são introduzidos pouco a pouco no modo Campanha. Neste modo, você começa jogando corridas que têm apenas um power-up: o turbo. Depois disso, pouco a pouco, o jogo vai liberando novas armas, novos modos de jogo, novas pistas, e você vai cada vez mais se acostumando e ficando melhor no jogo. Mas não se preocupe: praticamente tudo isso já está liberado desde o começo se você quiser jogar uma corrida no single player, no multiplayer online, ou no multiplayer local – SIM, o jogo tem modo de tela dividida.
Só o que eu tenho de negativo pra dizer sobre o jogo são duas coisas – uma delas um pouco irritante e a outra nem tanto. A primeira são os tempos de carregamento – os famigerados loadings. Grip é totalmente aleatório neste sentido. Já tive corridas que carregaram em 5 segundos, e outras que demoraram literalmente 3 minutos. Eu sei porque comecei a ouvir uma música no começo do loading, e a música acabou bem no final. Fica aqui a minha torcida para que isso se resolva em um patch futuro, mas atualmente, cada loading parece ser uma roleta. Minha segunda reclamação fica na música. Não que as faixas disponíveis sejam ruins, mas são poucas e rapidamente acabam ficando repetitivas. Isso fica ainda mais aparente se você não for lá muito fã desse tipo de música eletrônica drum’n’bass. Talvez mais faixas, e principalmente músicas de gêneros diferentes, tornariam esta área do jogo um pouco melhor.
No fim das contas, Grip é excelente onde realmente importa: quando você está em alta velocidade. Os controles são responsivos, as armas são divertidas de usar, a IA dos oponentes é desafiadora e as pistas tem um ótimo design. O jogo tem várias opções para gastar o seu tempo, e te recompensa frequentemente com novas opções de customização para os seus carros. Grip é uma ótima opção para os fãs dos jogos de corrida que procuram um novo jogo deste tipo. Se você tem como vencer pequenas frustrações, como a curva de aprendizado mais alta do que o normal em um jogo de corrida, pode ir fundo em Grip sem medo.
Diversão: 8.5
Mecânica: 9.0
Audiovisual: 8.0

NOTA FINAL: 8.5