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Crash Bandicoot 4: It’s About Time

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Crash Bandicoot 4, o quarto jogo na série do marsupial maluco, que tinha ficado sem games desde Crash 3, lá no PS1, finalmente chegou! Assim como um mago, Crash não se adianta nem se atrasa, mas chega na hora certa (assim como esse review). Certo? Pelo menos é o jeito que querem que você encare as coisas. Ignorando décadas de jogos novos – alguns até bem legais – a Activision lança, após um muito bem sucedido remaster/remake da trilogia original, um jogo que tem como propósito continuar a franquia do jeito que ela deveria ter continuado: com um jogo de plataforma divertido, difícil, e com muita personalidade. E, tirando alguns detalhes, o objetivo com certeza foi alcançado. Durante esta análise, vou considerar Crash 4 como ele foi idealizado: como o quarto jogo da série. Embora eu até ache Twinsanity bem legal. Poderiam fazer um remaster desse. Eu compraria.
Crash Bandicoot 4: It’s About Time é o mais novo jogo da série que nasceu das cabeças da Naughty Dog lá no Playstation 1. Caso você não saiba quem são esses caras, hoje em dia eles estão ocupados desenvolvendo jogos como Uncharted e The Last of Us. A responsabilidade de trazer Crash de volta fica com a Toys For Bob, que recentemente refez a trilogia original do dragãozinho Spyro. É uma grande responsabilidade, mas eles entregaram um jogo que tem todo o espírito da série.
Vamos tirar algo do caminho de uma vez: Crash 4 é um ótimo jogo. Excelente mesmo. É um jogo de plataforma – o famoso “jogo de passar fase” – muito bem construído, com controles responsivos, fases divertidas e criativas, e várias mecânicas diferentes entre uma fase e outra. Nem todas as fases serão jogadas com Crash (ou Coco, que tem exatamente as mesmas habilidades de Crash e pode ser escolhida como protagonista), e os outros personagens disponíveis, como Pasadena ou o anteriormente vilão Dingodile, tem estilos de jogabilidade completamente diferentes e são um ar fresco entre uma fase principal e outra.
O jogo conta com todas as mesmas características da trilogia original. Você basicamente precisa chegar do início ao fim da fase, procurando pelo caminho todas as caixas de frutinhas, todos os diamantes, e mais outros colecionáveis e segredos que estão escondidos por todo canto. Para isso, você pode jogar no modo “moderno”, no qual você tem uma quantidade ilimitada de vidas, ou no modo “clássico”, onde você pode morrer uma quantidade limitada de vezes até ser jogado pra tela de Game Over e ter que começar a fase inteira do zero. Sinceramente, não há razão para não escolher o modo “moderno”, pois ele não torna o jogo mais fácil, já que muitos desafios requerem que você atinja o final da fase com 3 mortes ou menos – ou às vezes até sem morrer uma única vez. Mas ainda assim, é legal ter opções de customização de dificuldade.
Aliás, a dificuldade é um fator importante e sempre presente na série. Eu não sou um exímio mestre dos videogames, mas terminei Crash 1, 2 e 3 sem maiores problemas (mas não peguei todas as relíquias nem nada, passei bem longe disso). Posso dizer que, na minha opinião, Crash 4 é mais difícil do que os três jogos anteriores, e isso é às vezes bom e às vezes ruim.
A parte boa é que, pra veteranos da série como eu, o jogo apresenta reais desafios desde o começo. Mesmo depois de terminar o jogo, você tem MUITO o que fazer, entre caçar os diamantes coloridos secretos, pegar as infames relíquias (terminar cada fase abaixo de certo tempo), e conseguir as bizarramente difíceis “relíquias insanamente perfeitas”, que requerem que você termine a fase toda sem morrer uma única vez ao mesmo tempo que pega todas as caixas. E depois repita tudo isso no modo invertido, no qual as fases estão espelhadas e com certos efeitos visuais diferentes. Ou seja, é conteúdo pra caramba, e tudo em uma dificuldade que começa alta e termina insana.
A parte ruim é que isso acaba isolando jogadores menos experientes. Conheço alguém que curte videogames apenas esporadicamente, mas que, por ter gostado muito do recente – e excelente, diga-se de passagem – Crash Team Racing Nitro Fueled, quis tentar jogar Crash 4. Mas essa pessoa não teve paciência sequer para passar da quarta fase. O jogo realmente é difícil pra caramba. E olha que essa pessoa terminou Crash Team Racing Nitro Fueled completamente no modo normal, o que quem jogou sabe que não é exatamente a coisa mais fácil de se fazer. Ou seja, Crash 4 podia começar, nas suas primeiras 5 ou 6 fases, com coisas mais fáceis, pra acostumar quem nunca jogou os anteriores e apresentar as mecânicas sem muitas dificuldades.
O maior problema, porém, é que o jogo é bem frustrante às vezes. Crash 4 tem muitas, mas muitas mesmo, caixas escondidas atrás de paredes e obstáculos que, pelo modo como a câmera está colocada, ficam ocultos à visão do jogador. Praticamente todas as fases tem isso. O que quer dizer que, depois de finalmente chegar ao final de uma fase super difícil e ficar caçando caixas por mais de uma hora, você vê aquele marcador de 501/502 caixas e acaba jogando seu controle sacada abaixo. Por mais que você esteja atento e tenha a habilidade de alcançar as caixas mais difíceis, sempre acaba faltando uma que estava escondida atrás de alguma coisa, o que faz com que você precise ficar andando contra todos os cantos, paredes e obstáculos da fase, de uma maneira bem maçante, na esperança de, na sorte, acabar encontrando a bendita. Isso não seria um problema se as fases fossem curtas, como são em Crash 1, 2 e 3, mas aqui elas são bem longas, o que torna o processo bem frustrante.
Sobre a parte audiovisual, sinceramente é até meio chato de escrever. Porque é tudo perfeito. O jogo é lindo, roda lisinho, as vozes dos personagens são excelentes, as músicas são legais e combinam com o jogo… Não tem onde colocar defeito. O visual se destaca, com cores vibrantes e um estilo cartunesco que deixa tudo muito divertido. Além disso, as fases vão da pré-história ao futuro, passando por temas de piratas, de era do gelo, tudo bem amarrado pelo tema de viagem no tempo que o jogo tem.
No fim das contas, Crash 4 é um excelente jogo, mas que pode se tornar um pouco frustrante caso você não seja um ás dos videogames. É uma pena, porque poderia ser o jogo perfeito pra atrair mais gente pra franquia, mas depois de jogar algumas fases, muitos acabarão desistindo. Eu mesmo terminei o jogo mas não tive paciência de voltar para coletar as relíquias e tudo mais, mas pra mim, pessoalmente, a dificuldade estava bem equilibrada – o jogo foi difícil de terminar mas foi tudo bem divertido, e caso eu quisesse tentar voltar pra fazer todos os extras, sei que teria um árduo caminho pela frente, como deve ser. Mas um jogo desses poderia ser um pouco mais abrangente, receptivo para iniciantes. Para fãs da série como eu e você, é provavelmente o melhor jogo da franquia, e certamente o que tem mais conteúdo, de longe, mas pra quem quer começar com o Marsupial que um dia foi praticamente o mascote do Playstation, talvez seja melhor pegar a trilogia remasterizada mesmo, pelo menos pra se acostumar com a dificuldade.
Crash 4 está disponível para PS4 e Xbox. Esta análise foi feita com base na edição do PS4, jogado em um PS4 Pro.

NOTA: 9,0