Gears of War é a série de PC e Xbox com a maior carga de adrenalina e testosterona que eu já vi, e Gears Tactics não é diferente. É ação desenfreada, explosões, músculos e tiroteio pra todo lado – ou seja, é super legal. Nesse novo capítulo da série você enfrenta seus inimigos em batalhas táticas por turno, no estilo popularizado nos últimos anos por X-Com. Mas este estilo encaixa bem com a proposta de Gears?
A reposta, sem enrolações, é sim. Gears Tactics é um jogo excelente, divertido, e que não tem vergonha de ser o que é. Não tem perda de tempo: você já começa no meio da ação e nunca pára. Infelizmente, porém, apesar de ser divertido, o jogo acaba caindo pro lado mais repetitivo depois de um tempo.
O jogo é focado nas missões táticas, para as quais você escolhe um esquadrão de até 4 personagens de diferentes classes, entre soldados com armamento pesado e outros com armas mais leves, outros focados em suporte, etc. Durante estas missões, o combate ocorre em turnos. Primeiro você usa os pontos de ação de cada um dos seus personagens para posicioná-los no combate, atirar, usar itens e tudo mais, e depois é a vez dos Locust – os inimigos da série.
Tecnicamente, Gears Tactics é impecável. O jogo roda no Series X a 4k nativos e 60 fps, e o visual é lindo. Os tempos de carregamento do SSD do Series X também são impressionantes – as missões carregam em uns 5 a 10 segundos. Os efeitos sonoros são legais, as vozes dos personagens encaixam bem com cada um, mas as músicas não chamam nem um pouco a atenção, caindo rapidamente no esquecimento. Ah, e durante minhas várias horas de jogo não me deparei com nenhum bug, por menor que seja.
Ao contrário de outros jogos do gênero, como o já citado X-Com, não existe outra parte mais estratégica neste jogo. Não há uma base para ser construída ou customizada e não há nenhum tipo de progressão na campanha além do nível e equipamento dos seus personagens. Basicamente, não há nenhuma decisão relevante a ser feita fora do campo de batalha, e essa parte estratégica faz falta.
A campanha de cerca de 30 horas tem uma estrutura parecida com os outros jogos da série Gears: alguns atos divididos em capítulos. Cada capítulo conta com uma ou mais missões que te darão objetivos como resgatar soldados capturados, sabotar estruturas ou segurar pontos de controle. Tudo é muito legal, mas Gears Tactics peca pela falta de variedade nas missões – depois do primeiro ato você já vai ter visto praticamente todo tipo de missão, e aqueles mesmos objetivos começam a se repetir nos atos seguintes. Existem casos especiais, como batalhas contra chefões – pontos altos da campanha, com certeza – mas eles são poucos. Essa repetitividade fica ainda mais evidente pelo visual das missões, sempre naquele cenário de cidade destruída em tons de marrom e laranja, e pela falta do que fazer entre uma missão e outra: você termina uma missão, vê o resultado, equipa o que tiver conseguido, e vai pra próxima.
Os inimigos, por outro lado, tem uma variedade decente, e os Locust contam com vários tipos diferentes de unidades que requerem abordagens bem diferentes. Essa nova edição de Gears Tactics lançada agora para console, traz ainda mais tipos de inimigos do que os já existentes no lançamento original para PC mais cedo este ano. Esta edição ainda traz o robozinho Jack, um quinto membro do esquadrão que tem seus próprio estilo de jogabilidade e é super útil.
A customização disponível é legal mas limitada. Os personagens são divididos em dois tipos: heróis e recrutas. Os heróis são os personagens principais da história, e os recrutas são soldados gerados aleatoriamente pelo jogo. Estes recrutas podem ser customizados de maneira bem extensiva – cabelo, roupas, acessórios, nomes e apelidos, etc. Já os heróis tem sua aparência fixa, infelizmente. Em ambos os casos, você pode equipar diferentes armaduras e armas, e todas elas podem ser pintadas com cores e texturas diferentes, para que fiquem mais com a sua cara.
Apesar destes pontos negativos, Gears Tactics acerta no ponto mais importante: o combate. Se você curte jogos de combate tático, Gears Tactics é uma ótima pedida, mas vá sabendo que não é um jogo com a profundidade estratégica de um X-Com, nem com o charme bizarro e esquisito (num bom sentido) de Mutant: Year Zero Road to Eden (excelente jogo, por acaso). Ele entrega o que promete: a ação desenfreada de um Gears na forma de combate tático, e entrega isso muito bem, mas nada mais.