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Mistura de mais. Mistura demais.

A coisa mais legal de jogos de menor porte é a ousadia de implementar e/ou misturar certos conceitos, que podem ou não ser de nicho, que são geralmente tachados como “não-comerciais” ou que apresentariam uma certa resistência comercial. Não preciso discorrer aqui em exemplos, porque vocês certamente conhecem vários. O problema é quando essa ousadia se torna uma peneira para tapar o sol dos problemas.

Vroom Kaboom está nesta categoria. Estamos falando de um game de estratégia, com elementos de Card Game, Tower Defense e Batalha de Carros ─ estilo Twisted Metal.

“Oi?!” ─ você indaga em total incompreensão ─ “Será possível mesmo combinar essas coisas?”

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Tá indo ou tá voltando?

Possível sim. Agora, se dá certo é outra história. E, (in)felizmente(?) para Vroom Kaboom, a história não foi das melhores.

Um grande problema de jogos mais atuais é a incapacidade de filtrar o fluxo de informações do jogo. Sempre pecam na quantidade da apresentação do mesmo: Ou apresentam tudo de uma vez só, aturdindo os jogadores, ou fazem justamente o contrário. O último é o caso de Vroom Kaboom: O jogo possui pouca ajuda e não dá informações o suficiente para os jogadores. Temos um tutorial, mas é fraco e incompleto, não ajudando em nada.

gameplay é realmente misturado. Mas não são daquelas misturas que você falaria “ora, mas poxa vida. Jamais pensei que esta combinação daria certo! Olha como é bom!!”, como uma batida de vodka, maracujá e pimenta-biquinho. É o tipo de combinação que você sabe que não vai dar certo, se sujeita a experimentar, experimenta, torce o nariz e fala: “eu sabia que isso não daria certo”, tipo maionese e feijão. Não deu, Vroom Kaboom. O jogo envolve uma mistura maluca de Twisted Metal e card game com elementos de tower defense. Cada veículo (que vai de motinhas até MÍSSEIS TELEGUIADOS ─ ponto positivo para o jogo) precisa ser jogado pagando um custo de recursos. Quando você joga a carta, o veículo surge no campo e aí pode ou não ser controlado por você. O objetivo final do jogo: Destruir as torres no fim do campo de batalha enquanto tenta proteger as suas. Tudo isso enquanto você controla (ou não) vários veículos que você jogou.

É insano demais e, no papel, funciona muito bem né?

Pois é, só que não.

Vroom Kaboom 1024x576Porque graças aos controles nada responsivos, e a confusão geral de um o jogo que (claramente) foi feito para ser jogado com mouse e teclado, a experiência é frustrante. Passando de um “olha, Tower Rush legalzinho” para “AI MEU DEUS O QUE EU TÔ FAZENDO?!?!”. Sabem aquele meme do cachorro no laboratório? Me senti exatamente assim enquanto eu jogava o game.

Enfadonho até dizer chega e com uma demora secular para encontrar partidas online (que vão do 1×1 até o 3×3), visualizei horas e horas segurando minha cabeça com o punho fechado enquanto bufava de tédio (tanto esperando partidas quanto jogando contra a AI). O mais inaceitável é que estamos falando de um jogo que tem fortes elementos de card game. Então, espera-se algum carinho na região da montagem de decks, certo? Espera-se que o jogo te pegue pela mão e diga – “ei, venha cá, meu dengo. Vou te ensinar a montar decks”. MAS NÃO. Nem isso. A tela de montagem é só um “Essa é a tela de montagens de deck, aquelas são suas cartas e boa sorte, campeão” e te deixa ali, perdido na desolação de enfiar um monte de cartas sem saber o que fazer direito.

Mas não é de todo mal. Tem bastante coisa interessante em Vroom Kaboom, especialmente na direção de arte do jogo. Existem três facções, cada uma baseada em conceitos muito bem explorados em jogos estilo Vigilante 8 ou Twisted Metal: temos uma facção mais MadMax; outra que parece ter saído diretamente de Velozes e Furiosos: Tokyo Drift e uma totalmente focada em carros estilosos, feito Impalas e Cadillacs. E a variedade de cartas é bem legal. Temos veículos mais usuais, como carros e bugres, mas o jogo é ousado em meter veículos como um Ônibus LOTADO de metralhadoras, um Girocóptero e ─ meu favorito pessoal ─ UM FUCKIN’ MÍSSIL. E cada facção possui uma série de veículos e cards únicos, todos bem condizentes com o tema geral. Isso é bem interessante e dá um leve refresco ao game.

No atual conjuntura, não é um jogo divertido. Mesmo tendo uma versão free (com lootboxes, obviamente), é o tipo de jogo que parece interessante no papel e, na prática, acaba saindo cheio de defeitos porque os devs se focam nos diferenciais mas esquecem os básicosVroom Kaboom é um fruto de uma mistura teoricamente bacana, certamente esquisita e comprovadamente mal-feita.

MECÂNICAS – 5

AUDIOVISUAL – 6

FUN FACTOR – 4

NOTA FINAL: 5

review feito com código cedido gentilmente pela Ratloop Games