Fallen Knight é uma homenagem a clássicos de ação em plataforma com roupagem charmosa!
A FairPlay Studios, desenvolvedora com sede em Bangkok, fundada em 2018, traz em seu segundo título uma clara homenagem a clássicos do estilo ação e plataforma como a série Megaman X e seus derivados.
Fallen Knight apresenta visuais bonitos, um estilo sólido com inspirações claras como a franquia Gundam, ainda assim, contidos em seu próprio estilo de arte. No entanto, pelo estado de sua jogabilidade, talvez tenha sido um pouco cedo para ser disponibilizado.
Enredo
A história do game, que não é ênfase neste estilo, é uma releitura futurística do cenário dos Cavaleiros da Távola Redonda, tendo seus personagens jogáveis como Lancelot e Galahad.
A premissa parte em torno das ações de um suposto grupo terrorista chamado de PURGE, que critica a humanidade por se beneficiarem da energia gerada pelo Santo Graal.
A aventura então começa no momento em que ambos os protagonistas (que podem ser interpretados cada um em sua campanha) chegam para resolver a situação.
Gráficos
O estilo de arte do game é limpo e agradável, não há elementos demais na tela ou falta de detalhes. Os cenários apresentam o que se espera dele, especialmente quando comparado a outros títulos do gênero.
O próprio estúdio comenta a aventura como “movida à nostalgia” logo, os elementos que se espera dos ambientes em que se navega traz toda uma arquitetura familiar que, para os veteranos, quase navega-se no piloto automático e, ao mesmo tempo, não é previsível além da conta, sendo um jogo novo.
A trilha sonora também casa muito bem com toda a parte gráfica, causando empolgação e fluidez no progresso dos estágios.
No entanto, os problemas de otimização já começam neste aspecto: é possível perceber em diversos momentos que, mesmo que seja claro que o jogo em não possui nenhum recurso gráfico pesado, sua renderização não é suave como deveria e que a taxa de quadros desce sem explicação e, o inconveniente é a inconsistência da fluidez, o que é essencial para o gênero, que requer reflexos rápidos a toda hora.
Outro momento em que inexplicavelmente os gráficos não funcionam como deveriam é nos menus, onde existe uma latência de navegação em alguns deles enquanto em outros não.
No mais, os gráficos, modelos 3D, partículas e menus são bastante agradáveis; os chefes têm aparências singulares e os protagonistas são charmosos. Os inimigos padrão são um pouco repetitivos isso chega a incomodar para quem está acostumado a inimigos temáticos em cada estágio como eram as fontes de inspiração do título.
Jogabilidade
Antes de começar o que será a maior parte deste review, deixe-me salientar que estas palavras serão escritas por alguém que adora este tipo de gênero e que foi fascinado pela séries X e Zero de Megaman, mas que não é apenas com base nesta comparação que estes comentários serão feitos.
A jogabilidade de Fallen Knight é, na melhor das hipóteses, sem polimento, e na pior delas, preguiçosa.
Os personagens podem andar, atacar, propulsionar para frente, pular, se defender, se curar, segurar-se em beiradas, prender e andar nas paredes e utilizar outras técnicas que podem ser obtidas derrotando chefes ou comprando com pontos adquiridos em ocasiões específicas ou dependendo dos ranks obtidos em missão. O grande problema destes controles é que ele são ruins e não responsivos.
O ataque funciona no chão, mas falha constantemente no ar. O pulo não é consistente em sua altura nem o quanto se beneficia da propulsão. O salto teoricamente é para se beneficiar do fato de pular estando em uma parede, mas nem sempre é o caso.
A cura depende de se apertar e segurar um dos botões (triângulo no Playstation) mas o input não é facilmente registrado, é preciso ás vezes apertar duas, três vezes para funcionar (e o personagem precisa ficar parado carregando) e em um jogo como este, um movimento que depende de timing correto e precisão de comando, acaba tornando-se uma mecânica não utilizável quando mais se precisa.
As hitboxes dos inimigos são estranhas, é difícil confiar o quão próximo pode-se chegar deles e do que exatamente é preciso desviar. Há inimigos que te causam dano ao toque e outros que viram plataformas ao pular sobre eles e isso não parece intencional.
Uma das parte mais estranhas é quando o jogador é atingido: há uma espécie de vácuo que te puxa em direção ao inimigo e causa um efeito de paralisia por uma fração de segundo, mas que facilmente torna-se um combo que drena o HP de forma injusta. Em adição, ser atingido no ar acaba com qualquer inércia que seu personagem tenha e Lancelot ou Galahad cairão em linha reta e não há nada que possa ser feito a respeito.
Há uma mecânica de defesa ou parry que, ao pressionar o botão no momento correto (em movimentos muito específicos dos adversários), é possível contra atacar, destruindo inimigos normais e enfraquecendo chefes que, se essa mecânica for corretamente utilizada três vezes, são derrotados sem a necessidade de ter sua barra de HP esvaziada. Outra mecânica interessante minada pela inconsistência na responsividade dos controles.
Outro ponto relevante é que os tais pontos que juntamos durante o game são escassos e a compra de upgrades torna-se bastante difícil, aniquilando a sensação de progressão uma vez que em beiras dos últimos estágios do título pudemos juntar pontos menos que suficientes para 4 melhorias, sendo que após a terceira é preciso comprar mais slots.
Parafraseado um review que li a respeito do game: “Neste momento ele é um jogo difícil, mas não é um jogo justo, por vezes eu me vi morrendo por razões que fugiam do meu controle e não tinham a ver com minha competência“.
Conclusão
Fallen Knight é bonito, criativo e tem muito potencial para atender as necessidades dos órfãos de Megaman X, mas precisa ser revisado e polido ao ponto de que seus controles possam responder tão bem quanto seus antecessores ou suas inovações serão sempre obscurecidas por suas falhas.
Fallen Knight não é recomendado em seu estado atual, mas esperamos ansiosamente por um patch de correção que o deixe no patamar que merece estar.
Fallen Knight está disponível e pode ser obtido na Steam, Playstation Store e Microsoft Store.
Jogado no PS4 (Slim, com SSD) com um Dualshock 4.